Jejum de vitórias, protesto de torcedores, dificuldade para contratar reforços, pedido de demissão e desentendimento em treino. É sob o peso de todos esses fatores que o Palmeiras entra em campo às 16h deste domingo para enfrentar o Atlético-PR, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, no Palestra Itália.
A semana foi tumultuada no Alviverde. Logo após a derrota de domingo diante do Goiás, a delegação teve de enfrentar a fúria de alguns torcedores no aeroporto de Goiânia e a situação só ficou mais tranqüila quando membros da equipe e da diretoria resolveram conversar com os manifestantes.
Na terça-feira veio a informação decepcionante de que o Santos atravessara a negociação com o atacante Kléber, do Necaxa-MEX, que acabou acertando com o rival três dias depois. Na quarta, o paraguaio Florentín pediu demissão alegando não agüentar a pressão de jogar no Palmeiras e aumentou ainda mais a carência no ataque.
Já Edmundo aprontou das suas novamente no treino de quinta-feira quando, irritado com a marcação do volante Vinícius, por pouco não acertou o garotou com um chute sem bola. O desentendimento foi contornado, mas evidenciou a tensão que vive o Verdão após quatro partidas sem vitória. Para finalizar, o América-RN anunciou no sábado uma vitória na Justiça para impedir a estréia de Max pelo Verdão. A diretoria ainda não definiu se o jogador entrará em campo.
“O que fica de lição dessas derrotas é o fato de não querer ganhar na ansiedade, no abafamento. Não precisamos disso. Precisamos buscar um equilíbrio. Está muito cedo para se preocupar com classificação. É possível uma reação na competição, não é uma coisa absurda. O Goiás é um exemplo. Ganhou dois jogos consecutivos e subiu na tabela”, comenta o técnico Caio Junior.
O comandante palmeirense, no entanto, reconhece que é difícil atingir a meta de conquistar mais de 60% de aproveitamento a cada nove partidas disputadas na competição – o Verdão tem 44,4% em seis rodadas e precisa vencer Atlético-PR, Corinthians e América-RN para ir a 63%.
“Ainda estamos naquele planejamento de nove jogos. É difícil, mas podemos correr atrás. O Brasileirão é um campeonato muito competitivo. Temos de ter uma tranqüilidade interna para trabalhar. Existe uma verdade muito grande entre a comissão técnica e a direção e temos a consciência de que o trabalho ainda está iniciando”, afirma o treinador.
Apesar dos problemas, Caio Júnior não teme uma reação negativa dos torcedores neste domingo. “Toda a torcida tem uma manifestação parecida na hora do erro. Eles pagam para ver espetáculo, o melhor. Mas é importante dizer que desde que estou aqui existe um apoio muito grande. Pressão existe, mas na hora do jogo eles incentivam e domingo não será diferente”, aposta.
Já o adversário é visto com certa preocupação. “O Atlético-PR é um time forte, precisamos ter cuidado. Eles certamente sabem nosso estilo de jogo e conseguem jogar bem fora de casa. O Antônio Lopes é um excelente treinador, que mesmo começando agora o trabalho no clube já conhece bem o plantel”, destaca.
Para voltar a vencer após quatro partidas, Caio Júnior irá mudar o esquema: sai o meia Caio e entra o zagueiro Gustavo. “Essa é uma idéia que eu já tinha até porque tenho muitos zagueiros de qualidade. A formação me agradou bastante. A equipe fica muito forte fisicamente, fica mais alta para evitar os gols de bola parada, que vêm sendo uma preocupação, e posso dar mais liberdade aos alas e aos meias”, justificou.
“Temos tido muita ansiedade de querer ganhar de qualquer maneira em casa. Fizemos um jogo muito bom contra o Botafogo, por exemplo, mas precisamos de um maior equilíbrio defensivo. Sinto que está faltando uma seqüência de vitórias e uma atuação convincente em casa para dar mais estabilidade, e talvez essa estabilidade passe por uma mudança tática”, acrescentou.
O lateral-esquerdo Valmir, que fez o passe para o único gol palmeirense em Goiânia, ficará com a vaga de Leandro. Michael e Edmundo voltam após cumprirem suspensão. Na zaga, Nen e Edmílson farão companhia a Gustavo já que Dininho ainda se recupera de lesão e Deivid segue com a seleção sub-20.
Para o Furacão, a partida diante do Palmeiras é a primeira de uma seqüência fora de casa. Com campanha idêntica a do adversário, mas com um ataque melhor (dez gols a nove), o time sabe que um empate ou derrota não interessa a nenhuma das equipes, que estão em um limite perigoso entre brigar para fugir da zona de rebaixamento e se aproximar dos líderes.
Por isso o técnico Antônio Lopes não quer saber da palavra crise. Mesmo se ela estiver mais concreta ainda do outro lado do gramado. O treinador teme que a pressão da torcida sobre o Verdão no Parque Antártica possa impulsionar o time paulista a se superar e impedir que o Atlético-PR continue sua boa campanha longe da Arena.
“Às vezes, a pressão em cima de uma equipe mexe com o brio dos jogadores e acaba sendo uma arma positiva para eles. Essa pressão que o Palmeiras está sofrendo não pode interferir na nossa maneira de jogar. Não devemos levar o mau momento em consideração. Temos que pensar na gente”, analisa.
O treinador, como de costume, não revelou a escalação do time, mas pelo menos a base deve ser a mesma que enfrentou o Fluminense. O meia Tiago, grande aposta no setor ofensivo, é uma das dúvidas. O jogador saiu lesionado ainda no primeiro tempo diante dos cariocas e passou a semana em recuperação. Já o volante Erandir foi liberado para o enterro do avô e também não sabe se joga.
Para o ala-esquerdo Edno, o jogo apresentará muitas dificuldades, mas o Furacão tem condições de reverter para conseguir o placar positivo. “Contra o Palmeiras vamos buscar o resultado positivo. Nesse jogo, com uma vitória, já podemos reverter essa situação incômoda”, afirmou o jogador, que quer acabar com um jejum de quatro partidas sem os três pontos.