Citados, no começo do ano, como favoritos em todos os campeonatos que disputassem, Santos e São Paulo foram eliminados pelo Grêmio da Copa Libertadores da América e geraram desconfiança em suas torcidas. As duas equipes paulistas sentiram o golpe, mas esboçaram reação na rodada passada do Campeonato Brasileiro, quando venceram Juventude e Vasco, respectivamente. Às 16 horas deste domingo, na Vila Belmiro, os rivais se enfrentam para saber qual dos dois manterá a boa fase na competição.
A situação é bastante distinta do primeiro clássico que Peixe e Tricolor fizeram em 2007. No empate por 1 a 1 do dia 11 de março, os dois times disputavam a primeira colocação do Campeonato Paulista e ainda gozavam do status de melhores do país. O rótulo durou até o São Paulo cair diante do São Caetano e quando ambos tropeçaram diante o Grêmio.
O encontro do Paulistão, aliás, foi envolto em polêmica. O atacante Leandro chamou Wanderley Luxemburgo de “mau caráter” e o acusou de ter mandado o veterano Antônio Carlos fazer faltas violentas. No dia seguinte, o técnico ameaçou processar o são-paulino, que “mente desde o início da carreira”, segundo Antônio Carlos. Nas arquibancadas, uma briga entre torcidas resultou no lobby da diretoria do Tricolor para vetar a Vila Belmiro nas finais.
A expectativa é de um jogo muito mais calmo neste domingo. “A história daquele clássico já foi discutida e digerida. Claro que tivemos uma concentração diferente para uma partida como esta, mas esse tipo de briga e violência não deve fazer parte do esporte. Então, vamos jogar essas coisas para escanteio”, pediu o zagueiro Adaílton. Será mais fácil esquecer a confusão porque Antônio Carlos, ainda recuperando-se de grave lesão no joelho, não estará ao seu lado, enquanto Leandro sentará no banco de reservas.
A ausência de Antônio Carlos não será a única mudança na escalação do Santos. O time ainda tenta superar as perdas de Kléber, preparando-se para a Copa América com a seleção brasileira, e Zé Roberto, que acertou com o Bayern de Munique. Cortado da seleção chilena, Maldonado retornou ao Brasil na quinta-feira, porém não deverá se recuperar a tempo de uma contratura muscular na coxa esquerda.
Na lateral esquerda, entra o jovem Carlinhos. O prata-da-casa é carrasco do São Paulo. Dos cinco gols que marcou em 44 jogos pelo Santos, dois foram em cima do rival (o primeiro da carreira e o de empate, nos acréscimos, no primeiro clássico de 2007). “Não tenho nada contra o São Paulo. Apenas procuro defender o Santos e os gols saem naturalmente”, sorriu Carlinhos.
Outros dois garotos entram na equipe. Adriano herdou a vaga de Maldonado e Renatinho desbancou Jonas do setor ofensivo. “Será meu primeiro clássico contra o São Paulo. Preciso estar bastante atento para tudo dar certo”, afirmou o atacante. No lugar de Zé Roberto, joga Pedrinho. “É muito difícil substituir o Zé. Assim como o Robinho, ele sobrava em campo. Mas a nossa equipe já tem um padrão de jogo, então a mudança não será tão forte”, minimizou o meia.
Eliminado na Libertadores uma fase antes do rival, o São Paulo teve mais tempo para se recuperar. Depois de muitas alterações e testes de Muricy Ramalho, a equipe aos poucos vai retomando uma cara e seus torcedores sabem na ponta da língua, pelo menos, o esqueleto da equipe.
“Não é fácil assimilar o golpe de perder uma Libertadores. O Grêmio, por exemplo, perdeu o título, o Lucas, o Carlos Eduardo e o Teco. Certamente, terá dificuldades. Nós aqui do São Paulo e o Santos já conseguimos deixar isso para trás”, garantiu Muricy Ramalho.
O treinador promoverá uma única alteração em relação à equipe que venceu o Vasco no domingo. Borges, contundido, dá lugar a Dagoberto. O craque já estreou há 53 dias e ainda não conseguiu marcar um gol sequer.
“É normal um jogador que ficou mais de um ano parado demorar para se encontrar. Eles perdem um pouco a noção de espaço. Logo ele voltará a fazer boas partidas”, explicou Muricy Ramalho.
Se o Santos perdeu jogadores importantes desde o último duelo, o São Paulo também tem desfalques e novamente vai atuar com uma dupla de volantes que não é tão forte na marcação: Hernanes e Richarlyson. O time tricolor não poderá contar neste sábado com Alex Silva e Josué (ambos na seleção brasileira) e nem com Fredson (gravemente contundido).
“Não dá para dizer qual time perde mais com esses desfalques. Teremos de sentir isso dentro de campo. O Zé Roberto e o Kléber fazem muita falta ao Santos, mas nós também temos nossos problemas”, opinou Miranda.
Na tabela do Brasileirão, o São Paulo está em sexto lugar com dez pontos. O Santos, que poupou seus titulares em muitas rodadas, está na 14ª colocação com sete pontos. “Agora o momento é outro. No Paulistão o Santos era líder, a situação era diferente. Agora eles não estão tão bem agora, mas tenho certeza de que será um bom jogo. Uma vitória neste clássico será um passo importante para nos aproximarmos dos líderes”, afirmou Hernanes.
Santos: Fábio Costa; Alessandro, Adaílton, Domingos e Carlinhos; Rodrigo Souto, Adriano, Cléber Santana e Pedrinho; Marcos Aurélio e Renatinho
Técnico: Wanderley Luxemburgo
São Paulo: Rogério Ceni; André Dias, Breno e Miranda; Ilsinho, Hernanes, Richarlyson, Hugo e Jorge Wagner; Dagoberto e Aloísio
Técnico: Muricy Ramalho