O torcedor garante que já viu este filme e o Grêmio não morre no final. A nação Tricolor não teme nem mesmo o Boca Juniors depois de ter vivido dois anos inesquecíveis, nos quais todas as tradições foram resgatadas e a garra levou um time praticamente destruído a emergir da Série B direto para a final da Copa Libertadores-2007.
Hoje, às 20h45, no estádio Olímpico Monumental, a metade azul do Rio Grande do Sul espera ver a maior prova da proclamada imortalidade gremista. Pela lógica, só um milagre pode levar a equipe brasileira ao seu terceiro título da Libertadores. Do outro lado, o Boca Junior aposta na vitória por 3 a 0, conseguida em Buenos Aires, e também na sua enorme tradição para ficar com sua sexta taça da competição continental.
Há sete anos o Boca não é eliminado no mata-mata por times brasileiros. A última foi em 2000, nas quartas-de-final da Copa Mercosul, diante do Atlético-MG. De lá para cá, os xeneizes desclassificaram clubes do Brasil em oito oportunidades e, por isso, chegam muito confiantes a Porto Alegre. Na Libertadores, o Boca só foi eliminado por um time brasileiro pelo Santos, de Pelé, na final de 1963.
O retrospecto é impecável em outros aspectos: dos 199 jogos da equipe argentina na história da Copa Libertadores, ela só foi derrotada por três ou mais gols de diferença em apenas quatro ocasiões. Portanto, se quiser ficar com o troféu, o Grêmio terá de se tornar o quinto a realizar esta façanha.
Para enfrentar tanta tradição, o Grêmio se apóia em suas recentes reviravoltas espetaculares: a conquista histórica na Série B de 2005 e os 4 a 0 em cima do Caxias na semifinal do Gaúchão deste ano, revertendo também uma derrota por 3 a 0 no primeiro jogo.
“O Boca é um Caxias com grife”, exagerou Paulo Pelaipe, diretor de futebol do Grêmio, tentando animar a nação Tricolor para o confronto desta quarta-feira. O capitão Tcheco se enfezou com o tratamento que vem sendo dado ao assunto: “Muita gente tem feito piada, dizendo que virar contra o Caxias é fácil, mas quero ver que outro time faria quatro neles naquela situação”, disse o meia, que está recuperado fisicamente.
O técnico Mano Menezes preferiu lembrar viradas gremistas obtidas na própria Copa Libertadores deste ano, nas oitavas-de-final e nas quartas. “Todo o torcedor sente que o Grêmio vai virar este placar. O sentimento é este sem exagero algum. Temos certeza de que podemos fazer jogos como aqueles com o São Paulo e com o Defensor Sporting”, garantiu o treinador.
O comandante não quer iludir a torcida. Sabe das dificuldades, mas acredita profundamente no bom resultado. “Fazer quatro gols no Boca não é fácil, mas quem conseguiu no último jogo da Série B reverter, em poucos minutos, aquele quadro com quatro homens a menos e um pênalti contra, não pode deixar nunca de acreditar”, opinou Mano.
Para o duelo, as duas equipes não devem fazer grandes alterações em relação ao primeiro jogo. O Boca vai manter a escalação de La Bombonera. O Grêmio aposta em Lucas, recuperado, pára substituir Sandro Goiano, suspenso.
Mano Menezes estuda a possibilidade de escalar três atacantes (Amoroso, Tuta e Carlos Eduardo), mas esta formação só será utilizada durante o jogo. Neste caso, Patrício deve ser sacrificado e Gavilan deve ser improvisado na lateral direita.
Pelo Boca, o técnico Miguel Ángel Russo aposta no pulmão de Ledesma, na rapidez de Palácio, na classe de Riquelme e no oportunismo de Palermo para surpreender nos contra-ataques e acabar com o sonho gremista. “Não podemos mudar nosso conceito agora e vamos fazer nosso jogo respeitando o adversário”, prometeu o treinador.