O técnico da seleção brasileira afirmou que a partida contra a Colômbia seria provavelmente a última de sua equipe no Rio de Janeiro antes da Copa do Mundo. Os cariocas começaram a se despedir com pouco mais de meia hora de jogo, mas apenas do comandante, com os gritos de “adeus, Dunga”. No gramado do Maracanã, o Brasil justificou as vaias com um monótono empate sem gols, nesta quarta-feira.
O jogo foi semelhante ao anterior que o Brasil fez no Rio de Janeiro, outro empate por 0 a 0, com a Bolívia, no Engenhão. Nem Robinho foi poupado pela torcida diante da ineficiência ofensiva da equipe de Dunga desta vez. Dois dias depois de distribuir autógrafos durante banho de sol na praia de São Conrado, o atacante do Manchester City foi xingado ao deixar o gramado. Seu drible “vai pra lá que eu vou pra cá” não entrou em campo. Ficou esquecido em homenagem fotográfica no saguão do Maracanã.
Apesar das críticas, a seleção brasileira se isolou na vice-liderança das Eliminatórias para a Copa do Mundo, com 17 pontos, seis atrás do Paraguai. Argentina e Chile somam 16, e a Colômbia subiu para 11. Agora, o Brasil só poderá se reabilitar da fraca exibição desta quarta-feira em um jogo oficial no próximo ano. Em março de 2009, visitará o Equador, enquanto os colombianos receberão a Bolívia. Resta saber se Dunga ainda trabalhará para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até lá.
O jogo – A goleada por 4 a 0 sobre a Venezuela não diminuiu a rejeição de Dunga no Rio de Janeiro. Quando o locutor do estádio do Maracanã anunciou a escalação do Brasil, o público se manifestou com mais entusiasmo apenas para ovacionar Kaká e, principalmente, vaiar o treinador.
Entre os poucos presentes no Maracanã que a seleção brasileira conseguia empolgar, estava uma equipe de rádio colombiana, devidamente uniformizada com camisas da seleção de seu país. “Meus amigos, creiam, a Colômbia pode vencer o poderoso Brasil hoje”, berrava o locutor ao microfone, depois de elogiar as “belíssimas cariocas, sambando nas arquibancadas”.
Os cariocas acreditavam no jornalista colombiano. Não no “poderoso Brasil”. Dançar nas cadeiras azuis do estádio era, mesmo, mais interessante do que assistir ao primeiro tempo da partida. O desempenho apático da seleção motivou a torcida também a cantar. Bastou meia hora de jogo (com um único chute a gol do Brasil, de Robinho) para os gritos de “adeus, Dunga” ecoarem em uníssono.
O técnico da seleção brasileira se irritou. Enfim, deixou o banco de reservas e passou a distribuir socos em sua coxa esquerda a cada passe errado da equipe. Jô, o escolhido de Dunga para substituir Adriano, só conseguiu levar relativo perigo em uma cabeçada. Maicon corria toda a lateral direita, ao contrário de Kleber pela esquerda, mas era ineficiente no ataque. Kaká e Robinho pouco tocaram na bola.
A seleção colombiana era mais perigosa, porém se precipitava ofensivamente. Após alguns chutes de longa distância que passaram longe do gol defendido por Júlio César, Yepes e Rentería acertaram a rede pelo lado de fora. E o locutor colombiano avisou: “Vamos ganhar do Brasil!”.
Para a seleção brasileira, não foi suficiente a conversa com Dunga no vestiário, durante o intervalo. O capitão Lúcio reuniu o time em campo e, com o dedo em riste, gritou com seus companheiros. Também não adiantou. Com 12 minutos, Elano foi substituído por Mancini. Mais vaias do público.
A vibração finalmente foi positiva no momento em que Alexandre Pato entrou em campo – antes, comemoração apenas com o anúncio da vitória do Chile sobre a Argentina, por 1 a 0. Já Robinho, que havia distribuído autógrafos em seu banho de sol na praia de São Conrado, segunda-feira, deixou o campo muito hostilizado. Tanto quanto Dunga, ao substituir Juan por Thiago Silva.
Mudada, a seleção brasileira não mudou de postura. Não existiam jogadas de perigo. Muitos torcedores preferiram deixar o Maracanã antes do término da partida. Outros repetiram os gritos de protesto entoados durante todo o jogo. No estádio, só quem festejou o apito final do árbitro chileno Rubén Selman foram os colombianos. Entre eles, seus radialistas uniformizados. “Empatamos! Quase presenciamos o Maracanazzo!”, bradou um deles.