O Brasil fez uma despedida honrosa do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Pequim. Nesta sexta-feira, na partida que decidiu o terceiro lugar da competição, os comandados do técnico Dunga derrotaram a Bélgica por 3 a 0 e asseguraram a conquista da segunda medalha de bronze de sua história.
O resultado não dependeu de uma partida brilhante da seleção brasileira, que jogou apenas o suficiente para derrotar um adversário surpreendente, embora tecnicamente pouco assustador. Com dois gols garantidos já no primeiro tempo, o time precisou apenas administrar o resultado no segundo para se consolar com um lugar no pódio. Acabou premiado com um gol de Jô nos acréscimos.
O resultado desta sexta coroou uma boa campanha da equipe, que ficará marcada pela inapropriada derrota nas semifinais para a Argentina por 3 a 0. Antes disso, o Brasil já havia vencido a própria Bélgica (1 a 0), a Nova Zelândia (5 a 0) e a China (3 a 0). Nas quartas-de-final, conseguiu a vitória por 3 a 0 sobre Camarões.
Com o terceiro lugar, o Brasil iguala sua participação nas Olimpíadas de 96, em Atlanta, quando perdeu as semifinais para a Nigéria e venceu Portugal na disputa pelo bronze. Ainda assim, o time ainda deixou escapar mais uma vez sua inédita medalha de ouro, ou a vaga na final – que conquistou em 84 e 88.
Mesmo para a Bélgica, o resultado não pode ser considerado ruim. Campeões em 1920, em Antuérpia, e bronze em 1900, em Paris (quando a país foi representado pela Universidade de Bruxelas), os belgas não disputavam a modalidade desde 1928, em Amsterdã. Em Pequim, conquistaram duas vitórias na primeira fase (2 a 0 sobre a China e 1 a 0 sobre a Nova Zelândia) e surpreenderam a Itália com um 3 a 2 nas quartas-de-final. Nas semifinais, a Bélgica perdeu por 4 a 1 para a Nigéria.
Agora, o torneio masculino espera pela decisão da medalha de ouro. Em Pequim, Argentina e Nigéria fazem a reedição da final de 1996, quando os nigerianos conquistaram a medalha de ouro. A partida acontece neste sábado, a partir da 1 hora da manhã (horário de Brasília).
O jogo – Com chutes de longe e tentativas de cruzamento, os dois times abriram o jogo sem chegar muito perto do gol. Aos seis minutos, Ronaldinho criou a primeira boa chance do Brasil, acertando uma bicicleta que passou por cima do gol de Bailly.
A Bélgica respondeu aos nove, em chegada de Mirallas pela direita que só foi interrompida por Alex Silva. No ataque, Ronaldinho tentou lançar Ramires e Hernanes dentro da área, mas o primeiro estava em impedimento aos 12 minutos, enquanto o segundo dominou mal e perdeu o lance aos 18.
A primeira chance real de abrir o placar aconteceu aos 23 minutos, em falta que o próprio Ronaldinho cobrou – Alex Silva escorou de cabeça na direita e mandou perto do gol. Porém, quatro minutos depois, Rafinha subiu pela direita e tocou na área para Diego, que empurrou para o gol e abriu o placar.
Os belgas chegaram a assustar de novo aos 30 minutos, em bola que Marcelo dividiu com Martens e quase encobriu Renan. Mais tarde, aos 33, o mesmo Martens cruzou rasteiro pela esquerda, mas o ataque belga não alcançou e viu a bola passar pela área sem ser incomodada.
As melhores chances belgas vieram no final do primeiro tempo, aos 40 e aos 41 minutos. Na primeira, o perigoso Martens recebeu sozinho na área e bateu para o gol, mas Breno apareceu na frente para bloquear. Depois, De Mul cobrou escanteio e Vermaelen cabeceou, mandando perto do gol.
Porém, o Brasil não se assustou e marcou logo o segundo. Aos 44 minutos, Ramires recebeu passe de Ronaldinho na direita e bateu cruzado, com força. O goleiro Bailly defendeu, mas Jô aproveitou o rebote e fez 2 a 0 de cabeça.
O ritmo do jogo caiu após o intervalo, fazendo com que o Brasil arriscasse mais de fora da área. Em uma dessas chances, aos nove minutos, Hernanes foi desarmado na entrada da área e permitiu o contra-ataque dos belgas, que só não aproveitaram por demorarem demais para subir e permitirem que a zaga se recompusesse.
Os belgas ainda tentaram diminuir o prejuízo, mas sem sucesso. Aos 23 minutos, Pocognoli fez o cruzamento pela esquerda para a cabeçada de Haroun, que mandou por cima do gol. Cinco minutos depois, Van den Borre pegou a zaga de surpresa, foi à linha de fundo e ganhou o escanteio – Simaeys, porém, também cabeceou por cima.
Sem conseguir passar pelo muro vermelho, o Brasil tentou duas estratégias. Primeiro, com uma bomba aos 29 minutos que Thiago Silva arriscou de longe, parando na defesa de Bailly. Depois, em passe de Ronaldinho por cima da defesa, que Marcelo recebeu na esquerda e bateu cruzado – Bailly, porém, fez a defesa com o pé.
Os belgas ainda tiveram a chance de diminuir, em chute de De Hoover aos 38 minutos que Renan defendeu no canto. Porém, nos acréscimos, Jô mostrou preparo físico, ganhou na velocidade de dois marcadores e bateu cruzado para o gol, marcando o terceiro gol e encerrando de maneira feliz a despedida do Brasil.