O dia de chuva em Porto Alegre, que atrapalhou a presença de público no Beira-Rio, não foi suficiente para fazer o Inter escorregar no molhado gramado do Beira-Rio. Em noite de D"Alessandro, Edu e Kléber, os colorados golearam o Atlético-MG por 3 a 0, em partida recuperada pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Os três pontos são de extrema valia para os colorados. Além de dar aos gaúchos o simbólico título do primeiro turno, deixa-os a um ponto do líder Palmeiras. Ainda nos números, os comandados de Tite formam o time que mais venceu no torneio, com 12 triunfos, e são donos do melhor ataque com 42 gols, ao lado do Barueri. Pelo lado do Galo, a situação começa a ficar desesperadora. São seis jogos sem vitória e a queda da liderança para a sexta posição na tabela.
Após um primeiro tempo em que viu o Atlético dominar as ações, o Inter reverteu a situação na segunda etapa. O motivo para a radical mudança de postura saiu do banco de reservas. Após quase um mês sem entrar em campo, D"Alessandro decidiu o duelo. No primeiro gol lançou Kléber que botou a bola na cabeça de Edu. O segundo, ele mesmo marcou. O terceiro não teve participação do argentino, mas foi um repetição de Kléber achando Edu na área atleticana.
Agora, com todos iguais em números de jogos na tabela, os dois voltam a atuar no domingo. O Inter enfrenta o Avaí, em Santa Catarina. Os mineiros seguem atuando fora de casa, duelando contra o Santo André, no ABC Paulista.
O jogo – Mesmo com sete desfalques, o Atlético ditou as regras do primeiro tempo. Com uma marcação adiantada, executada por Renan Oliveira, Renteria e Diego Tardelli, os mineiros estrangularam a saída de bola colorada. Quando o Inter conseguia avançar até o campo adversário, os visitantes recuavam de maneira rápida e fechavam os espaços. Edu, ainda sem as melhores condições físicas, não conseguia prender a bola na frente.
Mais objetivo, o Galo criou as melhores oportunidades. Adorado pela torcida vermelha, Renteria infernizou a defesa gaúcha. Aos 2 minutos, o colombiano entrou livra na área, tocou por cima de Lauro e do gol. Sem uma boa marcação do meio-campo, os donos da casa eram colocados para dentro da sua área. Renteria assustou novamente aos 12 minutos. Após girar sobre Bolívar, bateu cruzado para fora. Dez minutos depois, Tardelli desperdiçou boa chance, após se aproveitar de erro de Fabiano Eller e arrematar em cima de Bolívar.
O estreante Correa comandava a meia-cancha. Fechava na marcação e saía para o jogo. Além de ser o dono das bolas paradas dos atleticanos.
Sem conseguir segurar a bola na frente, o time de Tite forçava demais os passes. Bem vigiado por Alex Bruno, Marquinhos não conseguiu levar vantagem pessoal, como havia ocorrido diante do Goiás. O máximo os gaúchos obtinham eram escanteios cavados. O primeiro chute saiu somente nos minutos finais da primeira etapa. Na melhor oportunidade, Edu foi agarrado fora da área. A torcida protestou pênalti, mas o árbitro nada marcou.
Precisando mudar o panorama da partida, o comandante colorado promoveu o retorno de D"Alessandro. O argentino estava suspenso pelo STJD e não atuava desde 10 de agosto. Com a camisa 10 nas costas, ele entrou com a disposição de quem sentia saudades da bola, chamando a responsabilidade da articulação do Inter para si. Funcionou. O resultado da troca não demorou a aparecer. O gringo abriu para Kléber. O lateral cruzou e Edu de peixinho marcou o seu primeiro gol pelo seu novo clube, aos 5 minutos.
Porém, era pouco para D"Alessandro. Ele queria mais e não demorou a ter o que queria. Aos 7 minutos, ele iniciou jogada, em um chute forte de média distância, o goleiro espalmou. Então, a bola girou de um lado para o outro do campo e parou no mesmo lugar, nos pés de "El Cabezón", que, de primeira, ampliou.
A poucos dias de Brasil x Argentina, o clássico deve ter despertado algum tipo de sentimento em Kléber. Fora da seleção, ele quer recuperar o seu espaço, perdido após a Copa das Confederações. Se Dunga o convocará novamente não se sabe, mas o que os torcedores colorados sabem é que independente de quem seja o centroavante, Kléber colocará a bola na cabeça dele. Foi assim aos 15 minutos, quando Edu, novamente de peixinho, fez o 3 a 0.
É a sina de Celso Roth. Pela quarta vez no ano, a quinta seguida, o treinador enfrentou o Inter, tendo a derrota como sua companheira. Enquanto Roth começava a pensar na repetição do filme, ele via Giuliano colocar a bola na rede, pelo lado de fora. O técnico não escapou dos gritos de "um, dois, três, Celso Roth é freguês", vindos da arquibancada.
Em 15 minutos, o Inter decidiu o jogo. Mostrou a força do seu banco, dando sinais de que brigará pelo título e fará de cada partida daqui para a diante uma decisão. Se poupando, o time tocou a bola, fez o tempo passar, até o apito final. Sem ânimo, coube ao Atlético evitar um placar mais elástico.