Foi sem sofrimento desta vez. Ao contrário do primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista, quando o volante Cristian marcou o gol da vitória do Corinthians aos 47 minutos do segundo tempo, neste domingo a equipe de Mano Menezes construiu o placar de 2 a 0 sobre o São Paulo logo no início da etapa complementar.
Até a festa corintiana foi mais contida. O astro Ronaldo também cruzou os braços ao balançar as redes. Mas, ao invés de uma comemoração desabafada (como fez Cristian ao mostrar os dedos médios no Pacaembu), o astro preferiu erguer os indicadores para as câmeras de televisão. O meia Douglas havia acabado de marcar o primeiro gol do clássico.
Com mais uma vitória sobre o São Paulo, o Corinthians assegurou o direito de jogar por dois empates na decisão do Estadual contra o Santos. Os jogos serão realizados nos próximos domingos, com locais ainda indefinidos. O time da Vila Belmiro já admitiu abrir mão de atuar em seu estádio e levar os confrontos para o interior. A Federação Paulista de Futebol (FPF) deverá definir os mandos na segunda-feira.
Enquanto a diretoria do Corinthians se reunirá com a do Santos na FPF, o São Paulo voltará a se preocupar com a Copa Libertadores da América. A equipe de Muricy Ramalho irá se reapresentar no CT da Barra Funda à tarde, com o objetivo de esquecer o Campeonato Paulista e se preparar para o confronto com o América de Cali, na quarta-feira.
O jogo – Seis atacantes entraram em campo como titulares depois do mistério que os técnicos Muricy Ramalho e Mano Menezes desfizeram somente minutos antes do clássico. Do trio são-paulino, Dagoberto era o mais veloz; Borges, participativo; e Washington, perigoso.
O centroavante do São Paulo criou a primeira boa chance de gol da partida ao cabecear a bola em direção ao goleiro Felipe, aos dois minutos, mas o lateral-direito Alessandro conseguiu se antecipar na jogada. Do outro lado do campo, Ronaldo, Jorge Henrique e Dentinho demoraram um pouco a responder. Assim como a torcida do Corinthians, que chegou ao Morumbi com o jogo começado.
No momento em que os corintianos começavam a ocupar arquibancada visitante do Morumbi, besuntada de creme de milho pelos são-paulinos, o trio ofensivo comandado por Mano Menezes passou a ter mais consistência. Substituto do machucado Rogério Ceni, Bosco assustou a torcida da casa ao defender em dois tempos um chute de longa distância do meia Douglas.
Quem estava com as faixas de capitão com a inscrição “RC” (homenagem da torcida são-paulina a Rogério Ceni) grudadas ao braço fez cara de medo ao ver Bosco largar a bola. Mas logo a maioria do público voltou a se animar. Em lances semelhantes, Washington e Jorge Wagner receberam assistências dentro da área e chutaram forte. Felipe defendeu a conclusão do atacante e comemorou quando a do meia foi para fora.
No final do primeiro tempo, a estratégia ofensiva de São Paulo e Corinthians não significou novas oportunidades de gol. Ronaldo, por exemplo, recebeu a bola com condições de marcar apenas aos 32 minutos. Aproveitando assistência de Douglas, o atacante entrou na área e chutou forte. Bosco defendeu e demonstrou a segurança que esperavam os são-paulinos.
O placar de 0 a 0 não inspirou substituições no intervalo. Com a mesma formação da primeira etapa, o São Paulo era novamente incisivo no início da segunda. Aos dois minutos, Borges aproveitou cruzamento e, desta vez, foi ainda mais perigoso do que Washington. A bola cabeceada no travessão entusiasmou a equipe do Morumbi, que passou a pressionar o rival.
Foi o Corinthians, no entanto, que abriu o placar. Aos 10 minutos, em um contra-ataque rápido, Jorge Henrique recebeu a bola de Ronaldo na ponta direita e avançou até chutar na trave. Douglas ficou com o rebote e chutou para o gol vazio. A torcida do São Paulo silenciou momentaneamente, mas tentou voltar a incentivar a sua equipe segundos após a lamentação.
O apoio não adiantou. Cristian fez lançamento para Ronaldo e ganhou uma amostra de amizade do atacante. Aos 12 minutos, o Fenômeno arrancou em velocidade e finalizou na saída de Bosco para marcar o segundo gol do Corinthians. Cruzou os braços para comemorar, assim como o volante fizera na vitória sobre o São Paulo na semana passada. Ao invés dos dedos médios, no entanto, o astro deixou os indicadores em riste.
Podendo sofrer até dois gols e, ainda assim, assegurar a classificação para a final do Campeonato Paulista, o técnico Mano Menezes decidiu reforçar a sua defesa. Trocou o lateral-esquerdo André Santos pelo jovem zagueiro Diego. Nas arquibancadas, a torcida do São Paulo se desesperou enquanto a do Corinthians começava a gritar “olé”. Pelos tricolores, os berros eram de “raça” e “André Lima”.
Ao invés de colocar mais um atacante em campo, porém, Muricy Ramalho optou pela entrada do volante Welington no lugar de Dagoberto. Não foi suficiente. Com bastante espaço no setor ofensivo, o Corinthians achou melhor trocar passes e administrar o resultado positivo, enquanto a torcida do São Paulo deixava o estádio sob a provocação de “o freguês voltou” dos corintianos. O defensor Rodrigo também saiu de campo mais cedo. Cometeu falta e Dentinho e foi expulso.