Uma vitória no Engenhão contra o agora já rebaixado Guarani é o que separa o Fluminense do segundo título do Campeonato Brasileiro de sua história. Neste domingo, os tricolores foram maioria na Arena Barueri e, com uma atuação razoavelmente segura, venceram o Palmeiras, de virada, por 2 a 1. Dinei assustou o Flu e os próprios palmeirenses, que clamavam por uma derrota, ao abrir o marcador já com 4min. Com paciência e perdendo muitas oportunidades, o Fluminense remontou graças a Carlinhos e Tartá, que marcaria o gol salvador.
Quase 12 mil torcedores, e boa parte tricolores, foram até Barueri para acompanhar o jogo que poderia dar até o título para o Fluminense. O Palmeiras teve competência defensiva, sobretudo Deola, mas pareceu assustado com a pressão para não vencer que vinha de sua própria arquibancada. Mesmo sem 100% de sua inspiração, o Flu teve força e o protagonismo das ações, aproximando Muricy Ramalho de seu quarto título do Brasileiro.
A uma rodada do fim, o Fluminense é o líder isolado da Série A com 68 pontos. De nada adiantou o Corinthians bater o Vasco e chegar até 67. Nem o Cruzeiro virar diante do Cruzeiro e ir até 66 pontos. O Flu depende apenas de suas próprias forças para ficar com o título. Derrotado pelos tricolores, o Palmeiras é o décimo com 50 pontos e pegará os cruzeirenses, fora de casa, no próximo domingo.
Tartá, que já havia marcado contra o Vasco, reapareceu na Arena Barueri. Foi a campo graças a mais uma lesão de Deco e salvou a pátria. Fred e Emerson se cansaram de perder gols, Conca finalizou pouco, mas coube a ele aproximar o Flu do título.
Primeiro tempo: Palmeiras contra Palmeiras
Na entrada ao gramado, Luiz Felipe Scolari pediu seriedade diante dos microfones. Para ele, jogador que sentisse a pressão das torcidas era cafajeste. O que, ainda de acordo com Felipão, não existe no Palmeiras. Sem nada a ver com isso, o Fluminense teve o apoio maciço dos tricolores, que preencheram cerca de 70% do espaço a eles designado em uma dividida Arena Barueri.
Antes mesmo de as equipes mostrarem quais seriam suas estratégias, a rede balançou, o que condicionaria toda a primeira etapa. Já com 4min, uma bola longa chutada pela defesa palmeirense encontrou Leandro Euzébio. Ao tentar recuar, um dos melhores zagueiros do Brasileiro deu uma sonora pixotada, superdimensionada graças a Dinei. O atacante alviverde, assim chamado em homenagem a um ídolo do Corinthians, recolheu e soltou um foguete na gaveta de Ricardo Berna. Marcou mas não comemorou. Era o Palmeiras fazendo a alegria de seu maior rival.
As arquibancadas preenchidas por palmeirenses protestaram, especialmente atrás do goleiro Deola. Trabalhando contra o próprio time, a torcida alviverde veria o Fluminense tomar as rédeas durante boa parte da primeira etapa. Conca, aos 8min, tentou em finalização defendida pelo goleiro do Palmeiras. Depois, o argentino cobraria falta para Emerson acertar o travessão. No rebote, Gum espanou e o Flu viu ir embora sua primeira grande chance.
Aos 16min, Fred teve nova oportunidade, mas Deola impediu a cabeçada do centroavante. Dois minutos depois, o Fluminense tirou seu zero do placar. Conca abriu o jogo para Carlinhos. Livre na esquerda, ele avançou diante de um impassível Márcio Araújo, cortou o marcador e bateu de direita por cima do goleiro palmeirense. Era o gol para dar mais tranquilidade ao Flu.
Mau posicionado no gol do Fluminense, Deola se transformou no grande personagem da primeira etapa fazendo pelo menos três defesas importantes: primeiro, impedindo que bola perigosa chegasse na cabeça de Gum. Depois, rebatendo finalização de Fred em jogada ensaiada após bola rolada por Conca em cobrança de falta. Naquela que seria a melhor chegada do Flu em 45 minutos, Emerson recebeu em velocidade e soltou uma bomba para o goleiro palmeirense botar para fora com a ponta dos dedos.
Nessa altura, por volta dos 25 minutos, o gol do Fluminense parecia certo. Conca teve a chance em finalização, mas Deola pegou com os pés. Aí, o Flu sofreu um baque. Deco foi sacado, por lesão, aos 31min. Com Tartá em campo, coincidência ou não, a produção caiu na última parte. O Palmeiras voltou a ocupar o campo de ataque e teve até uma chance criada por Gabriel Silva, que passou por dois tricolores e, na frente de Ricardo Berna, chutou muito fraco.
Segundo tempo: Fluminense arranca a vitória
O Palmeiras voltou do intervalo sem o jogador mais disperso durante os primeiros 45 minutos. Felipão lançou mão do garoto Fernando no lugar de Marcos Assunção, que não atuava bem.
No reinício, Fred desperdiçou duas incríveis chances de colocar o Fluminense na frente. Já com 4min, Mariano avançou pela direita, passou para Emerson, que deixou passar. O camisa 9 bateu de canela e perdeu. Em seguida, foi Conca quem conduziu pelo meio e passou para Fred, entre os zagueiros, receber livre e bater para longe.
Depois de assustar em mais duas jogadas pelo alto, o Fluminense conseguiu o gol que precisava. Emerson desceu pela esquerda, cortou para dentro e chutou. No rebote de Deola, Tartá pegou a bola solta, teve espaço e muita calma. De esquerda, bateu no cantinho. Era o Flu à frente aos 13min.
O Palmeiras teve de volta o ex-tricolor Lenny, que não jogava desde 24 de março, dia em que enfrentou o Rio Branco pelo Campeonato Paulista. Com Kléber pouco afim, ele sem ritmo e os outros jogadores aparentemente assustados pela pressão de sua própria torcida, a equipe de Felipão demonstrava pouca força para fazer um gol que poderia aproximar o Corinthians do título. A torcida do Flu pedia mais um.
O jogo, com temperatura morna, só seria agitado com mais uma chance perdida pelo Fluminense. Aos 30min, Emerson entrou na área, Fred fez o pivô e rolou, mas ele bateu por cima. A última oportunidade viria com Gum, de cabeça após escanteio, mas também passou sobre o gol. Sem problemas para o Flu, que teve um trabalho mínimo para controlar o Palmeiras e assegurar a vantagem.