"Uh! Terror, Fernandão é matador!". Por muitos anos a torcida colorada entoou este coro com orgulho. Antes do confronto contra o São Paulo, neste domingo, o Beira-Rio voltou a ouvir este cântico homenageando o ídolo. Podia ser também, um pedido de misericórdia ao atacante que tantos gols importantes marcou com a camisa vermelha. Mas Fernandão, agora, é do Tricolor e não tem piedade. O jogador marcou o segundo gol dos paulistas na vitória por 2 a 0 sobre o Inter, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro.
Fernandão ouviu aplausos. Escutou a torcida gritar seu nome antes do jogo. Depois foi vaiado assim que tocou na bola com a partida em andamento. No decorrer do confronto, recebeu o mesmo tratamento dos demais colegas de time. Apagado, ele apareceu oportunista, bem posicionado, na hora certa, como nos tempos de Inter. Ele marcou seu gol aos 17 do segundo tempo. Antes, na etapa inicial, Hernanes havia aberto a contagem.
Os dois adversários de uma das semifinais da Libertadores encararam o confronto de maneira diferente. O São Paulo levou "mais a sério" a prévia, escalando todos os seus titulares. Jorge Fossati escalou time misto, poupando seus titulares do meio para frente.
A vitória coloca o São Paulo na oitava posição, com quatro pontos. Em dois jogos em casa, os colorados perderam pela segunda vez neste Brasileirão. Agora, os gaúchos ocupam o 13º lugar, com três pontos.
O São Paulo encara um clássico na próxima rodada. Na quarta, o time de Ricardo Gomes enfrenta o Palmeiras. O Inter entra em campo no dia seguinte diante do Vasco.
O jogo – A estratégia após a classificação à semifinal da Libertadores foi diferente para Inter e São Paulo, adversários por uma vaga na decisão do torneio continental. Os colorados pouparam alguns titulares do meio para frente, mas mantiveram o esquema com três zagueiros, derrotado diante do Estudiantes. O Tricolor foi o mesmo que bateu o Cruzeiro.
Nos dois primeiros terços da etapa inicial, nada aconteceu. A bola longa era tentadora e os dois times recorreram a ela. Os donos da casa tentavam atravessar da intermediária até Walter e o veloz Everton. Já os visitantes buscavam o lance aéreo com Fernandão. Após aplausos antes do jogo e vaias nos primeiro minutos, o capitão da conquista mundial colorada se tornou um oponente como qualquer outro.
O confronto desenvolvia-se de maneira dinâmica, mas sem finalizações. Em 30 minutos, o máximo que o Inter conseguiu foram dois chutes fracos de Walter e uma cabeçada sem perigo de Sorondo. O São Paulo, nada, nem um arremate sequer.
No terço final a emoção apareceu. No mesmo lance, a equipe de Jorge Fossati teve duas chances. Na primeira, Ceni salvou no ângulo cabeçada de Walter. Na sequência, o goleiro defendeu forte chute de Everton.
Aos 36, o São Paulo, em seu primeiro chute a gol, marcou. Hernanes pegou o rebote da falta cobrada por ele mesmo na barreira, acertando o canto de Abbondanzieri, que atrasado não evitou a abertura do placar. Nos minutos finais, o Tricolor atravessou duas bolas perigosas, quase chegando ao segundo.
O Inter buscou o gol desde o início da etapa final, mas faltou futebol para furar a defesa inimiga. O máximo que se conseguia eram chutes de fora da área. Faltava penetração. O time não mostrou capacidade para criar uma oportunidade clara. O São Paulo, diante de um adversário mais aberto, esperava para dar um bote certeiro. Era só o que precisava.
Aos 17 minutos, O Tricolor paulista atingiu seu objetivo. Em um contra-ataque puxado pelo lado esquerdo, Hernanes e Dagoberto tabelaram, após cruzamento do fundo, Fernandão tocou para dentro do gol, ampliado.
Com a desvantagem ampliada, Fossati empilhou titulares. Andrezinho havia entrado aos 15 minutos; depois de levar o gol, ingressaram D"Alessandro e Alecssandro. O volume ofensivo colorado aumentou, mas a produção não foi suficiente para marcar um gol que fosse, pois Rogério Ceni esteve imbatível, salvando em duas grandes defesas. Alecsandro chegou a ir às redes, mas tocou com a bola na mão antes de chutar, com o árbitro anulando o lance. Em julho tem mais, agora, pela Libertadores.