Uma decisão como há muito tempo não se via. É assim que pode ser definida a final do Campeonato Paulista de 2010, entre Santos e Santo André, neste domingo, no Pacaembu. Com quatro expulsões e lances emocionantes tanto de um lado quanto do outro, o Peixe ficou com o título estadual, mesmo sendo derrotado por 3 a 2.
Dono da melhor campanha do Paulistão, o Peixe conseguiu segurar a vantagem construída no primeiro duelo decisivo, quando venceu por 3 a 2, no último domingo, para conquistar o 18° título paulista de sua história.
O jogo: A decisão do Estadual começou eletrizante. Com menos de um minuto de jogo, o Santo André já havia aberto o placar. Branquinho deu bom passe para Cicinho, que driblou o goleiro Felipe e tocou para a pequena área. Oportunista, o atacante Nunes completou para o fundo das redes, reacendendo a esperança dos andreenses no título.
Mas o Santos não se abateu com o susto. Aos oito, em rápida trama do ataque do Peixe, Robinho tocou de letra para Neymar, que driblou três adversários, incluindo o goleiro, antes de finalizar, deixando tudo igual no Pacaembu: 1 a 1.
Aos 16, a decisão teve a sua primeira polêmica. O lateral esquerdo Carlinhos recebeu o passe em condição legal e cruzou para a cabeçada de Rodriguinho, para o gol. Mas a assistente Maria Eliza Correia Barbosa marcou impedimento do ala andreense, impugnando o lance.
O gol mal anulado, porém, não diminuiu o ímpeto do Santo André. Demonstrando acreditar no título, o time do ABC Paulista não demorou para chegar ao seu segundo gol. Aos 19, o volante Alê aproveitou a falha da marcação alvinegra, na cobrança de escanteio, para anotar o segundo tento andreense e recolocar o Ramalhão na frente no placar.
Com 24, o clima esquentou ainda mais no Pacaembu. O centroavante do Santo André, Nunes, e o lateral esquerdo do Santos, Léo, trocaram xingamentos. Para "acalmar" o bate-boca, o árbitro Sálvio Spinola Fagundes Filho deu cartão vermelho para os dois.
Expulsões à parte, os andreenses continuavam buscando o ataque. No entanto, aos 32, o Peixe deu a resposta. Robinho iniciou a jogada, Ganso deu um lindo toque de calcanhar para Neymar, com tranquilidade, escolher o canto esquerdo, deslocando Júlio César e deixando tudo igual no marcador, outra vez.
Só que se enganou quem pensava que as emoções do primeiro tempo tinham parado por aí. Isto porque Marquinhos foi expulso aos 38, após falta dura no meio-campo. Sendo assim, aproveitando-se do fato de estar com um a mais em campo, o Ramalhão adiantou a sua equipe no setor ofensivo e chegou ao terceiro gol.
Aos 43, Bruno César tocou para Branquinho que livre, sem nenhum zagueiro santista por perto, teve apenas o trabalho de mandar a bola no canto esquerdo de Felipe, deixando o Santo André em vantagem novamente.
Na volta do intervalo, enquanto Sérgio Soares trocou o pendurado Cicinho na lateral direita para a entrada de Rômulo, do lado andreense, o técnico santista, Dorival Júnior, tirou Rodrigo Mancha do meio para a ala direita. Pará, da lateral direita, foi deslocado para a esquerda. Enquanto isso, Arouca passou a atuar mais fixo na marcação, se aventurando pouco no campo de ataque.
E foi o próprio Arouca que evitou o quarto gol do Ramalhão. Aos quatro, Rodriguinho recebeu boa assistência de Bruno César, driblou Felipe e tocou fraco para o gol, permitindo que o volante alvinegro tivesse tempo de se recuperar, evitando mais um tento do Santo André.
Procurando dar mais fôlego ao seu contra-ataque, aos 17 minutos, Dorival sacou Robinho para a entrada do jovem centroavante André. Em busca do gol do título, aos 24, Soares tirou o meia Branquinho para colocar o atacante Rodrigão no time. Minutos depois, foi a vez de o volante Alê sair para a entrada do meia-atacante Pio.
Sentindo a pressão rival, Dorival Júnior trocou Neymar por Roberto Brum, fortalecendo a marcação de sua equipe. Só que a alteração não surtiu o efeito esperado. Principalmente, aos 37, quando Brum foi expulso, após "matar" um contra-ataque andreense. Para recompor a defesa mais uma vez, o zagueiro Bruno Aguiar entrou na vaga de André, pois Ganso pediu, insistentemente, ao treinador para não ser substituído.
Aos 45, a taça poderia ter mudado de mãos. Com Neymar ajoelhado, torcendo do banco de reservas para que a final terminasse, Rodriguinho desviou de cabeça e acertou a trave de Felipe.
Depois disso, mesmo com a forte pressão do Ramalhão, o Santos soube administrar o resultado até o apito final do árbitro, para alívio de sua torcida, que pôde, finalmente, soltar o grito de "É campeão".