Até uma coincidência tornava a festa certa, já que Luis Fabiano reestreou exatamente no dia em que o Morumbi completou 51 anos. Mas o maior público deste Campeonato Brasileiro deixou o estádio frustrado. Vítima de substituições erradas de Adilson Batista, o São Paulo perdeu por 2 a 1 do Flamengo neste domingo.
A ressurreição rubro-negra veio depois de um primeiro tempo equilibrado, mas com Ronaldinho Gaúcho como diferencial, além de Felipe e Alex Silva, que evitaram até gol de Luis Fabiano. No segundo tempo, porém, Lucas foi expulso e Adilson Batista foi sacar logo seu camisa 9, atraindo o adversário para seu campo com a entrada de Carlinhos Paraíba.
Rogério Ceni já havia feito três milagres na partida, dois só depois do intervalo. Mas não pôde evitar o gol de Thiago Neves, aos 19 minutos. O Tricolor ainda ganhou vida quando Willians recebeu o cartão vermelho aos 26 minutos e o técnico enfim pôs Rivaldo. Dagoberto empatou aos 34, mas um chute de Renato Abreu desviou em Carlinhos Paraíba e selou a vitória carioca aos 39 minutos.
O resultado recoloca o Flamengo com mais possibilidades de lutar por título e vaga na Libertadores, enquanto o Tricolor se distancia do líder Vasco. Na próxima quarta-feira, o São Paulo visita o Cruzeiro na tentativa de se reabilitar, enquanto o Rubro-negro busca um embalo diante do Fluminense, no domingo.
O jogo – Embora tenha barrado Carlinhos Paraíba, mais acostumado a cobrir as subidas de Juan, Adilson Batista viu em Galhardo, jovem lateral direito do Flamengo, a chance de usar a empolgação inicial são-paulina pela estreia de Luis Fabiano. Na movimentação de Juan e Dagoberto, foi por ali que o Tricolor acuou o visitante.
Embalados por quase 64 mil torcedores, os anfitriões tomaram conta da partida imponde velocidade e, para confundir ainda mais o já bastante perdido setor defensivo da equipe de Vanderlei Luxemburgo, passou a contar com as constantes descidas de Lucas e Casemiro pela direita. Até o improvisado Wellington era opção de inversão.
Apesar de estar claramente sem ritmo, Luis Fabiano correspondeu no início à função de referência. Mesmo quando saía da área. Ciente de que era o grande centro de atenções, o camisa 9 soube atrair a marcação e, do meio-campo, deu bons lançamentos que não viraram gol por dificuldades de Lucas e Juan em seus domínios.
Para tentar respirar, os zagueiros do Flamengo começaram a valorizar demais cada chance de ter a bola nos pés. Sem se intimidar com as vaias, todo o sistema defensivo trocava passes calmamente, segurando o ímpeto dos donos da casa. Aos poucos, já era possível colocar Ronaldinho Gaúcho no jogo e passar do meio-campo.
A torcida diminuiu seu êxtase e o mesmo ocorreu com o São Paulo na metade do primeiro tempo. Correria só foi vista em contra-ataques puxados por Cícero e Lucas de bolas roubadas do campo de defesa. Com a bola nos pés, o Tricolor ainda escolhia errado, já que Casemiro subia sem se importar com suas obrigações defensivas e deixava o mais responsável Lucas cobrindo-o atrás do meio-campo.
Na indefinição tática, entretanto, foi possível detectar o benefício de ter um centroavante. Quando alguém do São Paulo levantava a cabeça, logo via um camisa 9 pronto a fazer o pivô. Assim, o próprio Luis Fabiano teve duas chances no mesmo lance, aos 25 minutos, e só não fez gol porque Alex Silva salvou em cima da linha e, na sequência, acertou o travessão quando já estava impedido.
Faltava aos donos da casa, porém, alguém que acionasse as laterais, que tornariam o centroavante mais útil. Ciente disso, a torcida pediu Rivaldo ainda no primeiro tempo. E viu no Flamengo a diferença que faz ter um camisa 10 em campo. Ronaldinho Gaúcho fazia o jogo rubro-negro andar e, quando teve espaço, achou Deivid livre para perder oportunidade clara aos 30 minutos.
Do outro lado, o astro da partida tentou fazer a sua parte, já que Luis Fabiano fez o pivô para Lucas sofrer falta. Na cobrança, Felipe evitou que Rogério Ceni abrisse o placar, aos 36 minutos. Mas apostar na bola parada parecia pouco para o São Paulo, embora Adilson não fizesse menção de mexer no seu setor de criação.
Melhor para o Flamengo, que teve Ronaldinho Gaúcho encontrando outra excelente oportunidade, desta vez para Thiago Neves, que esbarrou em excelente defesa de Rogério Ceni nos acréscimos do primeiro tempo. Lance que deveria acordar os organizadores da festa no Morumbi. O que não aconteceu.
O Tricolor até voltou mais incisivo do intervalo, embora continuasse dando espaço para Ronaldinho Gaúcho, que passou a ganhar a constante presença de Junior Cesar. Usando Luis Fabiano como referência, o Tricolor parou novamente em Felipe, autor de ótima defesa de Lucas.
O problema é que o próprio meia-atacante estragou a chance de os donos da casa fazerem pressão. Lucas derrubou Willians e foi expulso, aos nove minutos do segundo tempo. Junto com ele, deixou o campo a esperança são-paulina, por opções táticas decisivas dos dois técnicos.
Em vantagem numérica, Vanderlei Luxemburgo encaixou um terceiro atacante sacando o volante Airton e colocando Diego Maurício. Adilson Batista fez o que o flamenguista queria, sacou o astro Luis Fabiano para recompor o meio-campo com Carlinhos Paraíba.
A torcida são-paulina sabia que se recuar, em casa, era a pior opção, por isso logo xingou seu treinador de “burro”. Em campo, o temor se confirmou. Rogério Ceni fez dois milagres em cabeçadas à queima-roupa de Deivid, todas após cruzamentos de Junior Cesar. Na terceira, desta vez de Thiago Neves, o goleiro não pôde evitar o gol aos 19 minutos do segundo tempo.
Desesperado, Adilson tentou corrigir seu erro trocando Casemiro por Henrique e acabou se beneficiando de imprudência de Willians, que recebeu o segundo cartão amarelo aos 25 minutos e transformou o jogo em um duelo de dois times com dez jogadores em campo.
O técnico do São Paulo, enfim, entendeu que Rivaldo tinha que estar em campo. Mas não foi o veterano que o salvou. Aos 34 minutos, Dagoberto acertou um golaço de fora da área e igualou o placar. Dos males, parecia que o São Paulo sofreria do menor. Só parecia.
Carlinhos Paraíba, substituição errada de Adilson Batista, virou vilão aos 39 minutos. Um chute de fora da área de Renato Abreu, embora com força, ia nas mãos de Rogério Ceni. Mas a bola desviou em Carlinhos Paraíba e parou nas redes. A esperada estreia de Luis Fabiano foi de lamentação.