O São Paulo precisou mostrar eficiência entre os 11 e 20 minutos do segundo tempo para continuar lutando por vaga na Libertadores em duas frentes e vencer a primeira após cinco jogos. O time devolveu a derrota por 2 a 1 na ida em Fortaleza e derrotou o Ceará por 3 a 0 no Morumbi, garantindo-se nas oitavas de final da Copa Sul-americana.
O triunfo veio depois de um primeiro tempo praticamente apático dos anfitriões. Na volta do intervalo, contudo, Cícero virou centroavante e abriu o placar aos 11 minutos. Depois disso, Lucas apareceu, marcando o seu aos 17 e dando assistência para Dagoberto fazer o terceiro, aos 20. Já nem adiantava o clube nordestino insistir.
Na próxima fase da competição continental, o Tricolor atuará somente no fim de setembro. Esperará pelo vencedor de La Equidad, da Colômbia, e Juan Larich, do Peru. Quem passar duelará com o Libertad, do Paraguai, para definir o oponente do clube do Morumbi nas oitavas de final.
Pelo Campeonato Brasileiro, os são-paulinos seguem na caça à liderança no clássico contra o Santos, no domingo, às 16 horas (de Brasília) na Vila Belmiro. Já o Vovô de Fortaleza, na tentativa de se afastar ainda mais da zona de rebaixamento, recebe o Bahia no mesmo dia e horário, no estádio Presidente Vargas.
O jogo – A necessidade de vencer por 1 a 0 ou, no mínimo, por dois gols de diferença tinha como solução, na visão de Adilson Batista, um time com mais atacantes. Por isso, abriu mão de Rivaldo e Cícero, dando a Casemiro e Carlinhos Paraíba a missão de armar para Lucas, na ponta direita, Fernandinho, na esquerda, e Dagoberto, centralizado.
O ímpeto na busca pelo gol que daria a tranquilidade almejada pelos anfitriões mal deixou o Ceará entender a novidade. Sem Rudnei, volante que ajuda na armação, Vagner Mancini optou por aumentar a proteção da defesa com o veterano Edmilson, titular do Brasil campeão da Copa do Mundo de 2002, na cabeça de área em trio de volantes com Heleno e Michel.
Quando os nordestinos tentavam encaixar a marcação em meio à constante movimentação dos donos da casa, o Tricolor segurou mais Casemiro e Carlinhos Paraíba para que Piris e Juan explorassem as costas dos laterais do Alvinegro, principais armas do Vovô. Edmilson, claramente longe de sua plenitude física e técnica, não conseguia nem orientar seus colegas.
O problema para os são-paulinos é que os gols foram sendo perdidos, com finalizações para fora, duas perigosas com Juan e Fernandinho. E os erros foram aparecendo nos passes, principalmente com Carlinhos Paraíba, que parecia perdido com a função de armador.
Aos poucos, o Ceará foi adaptando sua marcação à velocidade tricolor. Os mandantes só conseguiam encontrar espaço pelas laterais, mas quem cruzava de qualquer lado levantava a cabeça e não achava um companheiro entre os jogadores vestidos de preto e branco. A já tradicional falta de um centroavante voltava a prejudicar o time de Adilson.
Para piorar, a profundidade pelas laterais foi perdida quando Fernandinho deixou o campo aos 30 minutos do primeiro tempo, machucado. Cícero entrou em seu lugar e demorou a se encontrar, batendo cabeça com Carlinhos Paraíba pela esquerda e Casemiro até na função de aparecer como surpresa na área pela direita.
Quem mais sofreu foi Dagoberto, novamente sozinho no ataque e muito raramente munido por um Lucas extremamente apagado. Melhor para o Ceará, que conseguiu colocar Thiago Humberto, seu armador, no jogo trocando passes no campo de ataque, de uma lateral a outra. Nem era necesario fazer Rogério Ceni trabalhar, bastava manter a bola no pé e longe da defesa
Vaiado, e com uma substituição já realizada, Adilson corrigiu o que faltava à equipe usando seu curinga: Cícero passou a fazer parceria com Dagoberto e se posicionou como centroavante. Mesmo longe da área, o originalmente meio-campista já levou perigo a Diego em bola rolada por Dagoberto em cobrança de falta.
Mais foi coleado à linha da pequena área que o camisa 16 decidiu. Como prova de mudança no time, Carlinhos Paraíba acertou um de seus primeiros passes com um cruzamento perfeito para Cícero dominar no peito e tocar na saída do goleiro para abrir o placar.
O lance acordou uma das principais armas do ataque são-paulino: Lucas. O meia-atacante, beneficiado pelo adiantamento de Cícero, recebeu a bola como gosta, colado à meia-lua pela direita, e ampliou arrematando com força aos 17 minutos. Três minutos mais tarde, deu sua arrancada habitual para puxar contra-ataque e entregar para Dagoberto o terceiro gol.
Em nove minutos, o São Paulo definiu sua classificação. Vagner Mancini ainda tentou responder com a entrada dos atacantes Felipe Azevedo e Marcelo Nicácio, mas Adilson Batista, mais preocupado com o veloz Osvaldo, ousou ao transformar o também rápido Piris para o miolo da defesa para acompanhar o jogador do Vovô e repassou João Filipe para a lateral direita.
Com o adversário anulado e um placar absolutamente tranquilo, o técnico pôde sacar Lucas para atender à torcida e colocar Rivaldo. Até o apito final, a única preocupação dos quase 24 mil pagantes na noite desta quarta-feira era espantar o frio gritando "olé". A classificação estava garantida.