Foi um reencontro sem poupa, mas Ronaldinho criou as circunstâncias para deixar sua marca diante do clube que o revelou, mas que nunca mais teve uma relação pacífica. O jogador realizou uma assistência e marcou um gol na vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Grêmio, no Engenhão.
A vitória neste sábado deixa os cariocas a um ponto do líder Corinthians, mas com dois jogos a mais. A situação gremista fica mais complexa. Décimo quatro colocado, o clube gaúcho pode terminar a 13ª rodada do Campeonato Brasileiro na zona de rebaixamento.
Se ainda existia esperança de um dia Grêmio e Ronaldinho Gaúcho fazerem as pazes em um futuro próximo, elas terminaram nesta noite carioca de julho. Não pela participação essencial do ex-melhor do mundo, autor do passe para o gol de Thiago Neves, no primeiro tempo, e que marcou os segundo tento flamenguista ao roubar a bola dos pés do goleiro Victor, no segundo, mas pelo modo como comemorou os lances.
Ele não mostrou constrangimentos em comemorar efusivamente as jogadas. Levantou a torcida, bateu no peito e mostrou o escudo do Mengão para quem quisesse ver, como se mostra-se quem está no seu coração neste momento. Ao término do jogo foi reverenciado pela torcida. Ronaldinho segue sendo persona non grata no Olímpico.
No meio da semana o Flamengo enfrenta o Cruzeiro, em Minas Gerais. Em casa, o Grêmio receberá o Atlético-MG para tentar quebrar uma série de três partidas sem vitória.
O jogo – A situação dos dois clubes no campeonato fez o Grêmio ser mais cauteloso, ganhando Adilson, um homem de marcação, na escalação. O time gaúcho marcava em seu campo. A estratégia conseguiu anular Thiago Neves. Aceso, Ronaldinho Gaúcho aparecia com constância. Deu "tapas" de primeira, lançamentos e tentou duas mal sucedidas janelinhas. O Flamengo encontrou dificuldades logo ao atravessar a faixa central do gramado, em diversos momentos, perdeu a bola logo ao cruzar a linha. Aos visitantes faltava empuxe ofensivo para encaixar um contra-ataque.
Quando tinha a bola, o Tricolor repetia velhos erros ofensivos. O principal deles foi a falta de pontaria. Nos 15 minutos inicias, período em que dominou o jogo, arrematou três vezes para fora. Felipe foi para o intervalo sem executar uma única defesa.
Thiago Neves precisou somente de um lance para escrever o seu nome na história da partida. Em cruzamento de Ronaldinho, desviou de cabeça se antecipando a três zagueiros e partindo para o abraço com o companheiro aos 27 minutos. Autor da assistência, o jogador formado na base gremista não se constrangeu em comemorar. "O gol é gol", justificou na saída para o vestiário.
No último lance da primeira etapa, Leandro, do Grêmio, caiu dentro da área alegando pênalti, mas nada foi marcado. As imagens de televisão mostram um puxão em sua camisa. No segundo tempo, Mário Fernandes utilizou o braço para parar Ronaldinho próximo do gol, mas o juiz mandou o lance seguir.
Fora os lances com o seu camisa 10, o Mengão pouco produzia ofensivamente, esperando o tempo passar e repetindo a postura adotada no empate com o Ceará, quando também saiu na frente. Do jeito que conseguia, o Grêmio ia ao ataque não conseguindo além de arremates prensados ou chutes para fora.
A primeira defesa de Felipe ocorreu aos 23 minutos em chute cruzado de Lúcio. Quatro minutos depois, Victor tentou driblar Ronaldinho, se deu mal. O flamenguista roubou e tocou para dentro do gol, bateu no peito, mostrou o escudo rubro-negro para a torcida e levantou todos os presentes da arquibancada do Engenhão. Não precisava de mais nada. O ponto final da noite estava colocado.