Aos pés da parte peruana da Cordilheira dos Andes, o Grêmio se apequenou diante da grandeza da cadeia de montanhas mais famosa da América do Sul. Sem inspiração, o Tricolor realizou uma primeira etapa pobre, precisando reagir no segundo tempo e não passar do 1 a 1 com o León, pela quarta rodada do Grupo 2 da Libertadores. O resultado dificulta a ambição do time de Renato Gaúcho de terminar na primeira posição da chave.
Pela primeira vez disputando o torneio, Los Cremas entraram em campo para jogar a partida de suas vidas. Rodados, os gremistas tinham o espírito de estarem ali para mais um jogo em suas vidas. Fez toda a diferença. Os donos da casa se mostraram superiores no primeiro tempo, com Elías marcando antes do intervalo, explorando a velha falha pelo alto da defesa gremista.
O vestiário trouxe um Tricolor com vivacidade no segundo tempo. Aos nove minutos, o apagado Carlos Alberto escreveu seu primeiro gol com a camisa do clube. Mesmo pressionando e tendo maiores oportunidades, a virada não se concretizou.
O empate mantém o Grêmio em segundo lugar do Grupo 2, com sete pontos. À noite, o líder Junior, com nove pontos, enfrenta o zerado Oriente Petrolero. O León é o terceiro colocado com quatro pontos.
O calendário dá uma pausa na Libertadores para os gaúchos. O Tricolor só volta a atuar pela competição em 7 de abril contra o Junior, no Olímpico. Os peruanos enfrentam o Oriente na próxima semana.
O jogo – Não havia o que reclamar por parte do Grêmio ao término do primeiro tempo. A derrota por 1 a 0 estampava o placar e qualquer análise racional não questionaria os números. A pequena Huánuco encolheu o futebol gremista. A marcação agressiva mostrou falhas. O ataque foi omisso. A criação não existiu. A única finalização gaúcha ocorreu aos 41 minutos em cabeçada de Rodolfo defendida pelo goleiro. Essa foi toda a produção apresentada, uma pobreza tão grande quanto a da região onde ocorreu a partida, uma das mais humildes do país.
Para parar o Tricolor, o León fechou os lados impedindo os avanços dos laterais, sobretudo, os de Gabriel, fechando uma das válvulas de escape. Carlos Alberto atuou como atacante. No meio-campo, na frente, tendo de marcar, solto, não importa a maneira como o jogador foi escalado em seus oito jogos pelo clube, seu desempenho foi sempre pífio.
Atacante ousado na época de atleta, Renato Gaúcho mantém a característica como técnico. Pela terceira vez no ano, ele realizou substituição antes do intervalo. Após dois lances perigosos dos donos da casa, ele mexeu aos 35 minutos, tirando o volante Fernando e colocando o atacante Júnior Viçosa, ficando com somente Rochemback como homem de marcação.
A ofensividade na formação não se transformou em superioridade com a bola rolando. Pelo contrário, saiu o gol peruano aos 43 minutos. Mais uma vez na temporada, a bola aérea matou a defesa do Grêmio. Com quatro defensores olhando, Elías tocou no canto esquerdo de Victor.
Em dez minutos da segunda etapa, o Tricolor conseguiu fazer bem mais do que em toda a primeira parte do confronto. Com 30 segundos, Borges bateu cruzado, com a bola passando próxima da trave. O misticismo que paira no ar do Peru, graças à mítica civilização Inca, fez magia no time brasileiro. Algo novo aconteceu. Carlos Alberto recebeu na área, fintou e defensor e chutou para marcar pela primeira vez com o Grêmio. Na comemoração, o meia provocou os colorados, imitando a celebração de Kidiaba, goleiro do Mazembe, algoz do Inter no Mundial de Clubes, em uma provocação ao gesto feito por Leandro Damião, no domingo, pelo Campeonato Gaúcho.
O gol atingiu o psicológico dos Cremas. Os peruanos passaram a apresentar um nervosismo, perderam o domínio das ações e passaram a ver o Grêmio ameaçar. Borges teve outras duas chances, descalibrados seus chutes não atingiram o alvo e sem os gols do seu artilheiro a virada não foi alcançada.