Sem a participação da Globo e da Record, A Rede TV! venceu a licitação pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro ao oferecer R$ 1,548 bilhão pelas edições de 2012 a 2014. No entanto, para confirmar a negociação anunciada em São Paulo nesta sexta-feira as 20 agremiações que compõem o Clube dos 13 precisam avalizar a proposta.
Insatisfeito com a licitação conduzida pela entidade, o Corinthians anunciou que negociaria os direitos separadamente. O time é o único que formalizou seu pedido de desligamento do Clube dos 13, mas Palmeiras, Santos, Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, Cruzeiro, Grêmio e Coritiba também avisaram que pretendem negociar de forma indepentente.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
Presidente do C 13, Fábio Koff espera que os valores sejam suficientes para acabar com a dissidência
A proposta da Rede TV! impõe algumas condições, entre elas que "haja a expressa anuência dos 20 (vinte) clubes que integram atualmente o Clube dos Treze, conforme consta dos respectivos estatutos sociais, a ser demonstrada em instrumento escrito à ora proponente dentro do prazo de até 60 (sessenta dias) contados da data da presente proposta".
Uma vez com o aval das agremiações, a Rede TV! tem mais 60 dias para tentar captar patrocinadores para viabilizar a operação. "Ao fim deste prazo, a ora proponente poderá convalidar a presente proposta (se confirmada a viabilidade jurídico-financeira da operação) ou revogá-la (na hipótese contrária, e de forma isenta de multas, sanções ou indenizações", diz a proposta da emissora.
Na manhã desta sexta-feira, poucos minutos antes do anúncio, a Record anunciou que não participaria da licitação e alegou que alguns clubes, antes mesmo de ouvirem sua proposta, indicaram que já tinham acordos "pré-acertados com outra emissora".
Em comunicados oficiais, a Globo e a Record confirmaram que estão dispostas a negociar diretamente com os clubes. Em um possível confronto entre dois times com acordos com emissoras diferentes no Campeonato Brasileiro, a partida, teoricamente, não poderia ser televisionada.
No escritório comercial do Clube dos 13, além de oficializar a ganhadora da licitação, os diretores da entidade provocaram os dissidentes e procuraram seduzi-los com a oportunidade de ganhar mais do que receberiam em possíveis negociações independentes.
"É um momento de afirmação da palavra empenhada e do nome assinado. Isso vale como demonstração de honradez, como exemplo para outros dirigentes e para a sociedade brasileira", disse Fábio Koff, presidente do Clube dos 13. "É uma vitória da dignidade e da independência das pessoas que honram seus compromissos", afirmou.
Koff citou o estatuto do órgão para garantir que pode negociar por todos os associados e revelou que os únicos clubes quites financeiramente com a entidade são Atlético-PR e São Paulo. O mandatário ainda confirmou que algumas agremiações já adiantaram receitas da temporada de 2012.
Pelo acordo formalizado com o Clube dos 13, a Rede TV! deve ceder antecipadamente 20% do valor total como luvas (aproximadamente R$ 300 milhões). Os diretores da entidade usaram a medida para pressionar os presidentes das agremiações dissidentes.
"Nosso contrato está equiparado aos grandes contratos das ligas europeias. Esses R$ 300 milhões servem para sanar os problemas dos clubes que reclamam de compromissos a saldar, como o Botafogo, o Vasco e o Coritiba, que estão contestando o Clube dos 13", declarou Ataíde Gil Guerreiro, diretor executivo da entidade.
Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo e membro da diretoria da entidade, também não acredita que os dissidentes conseguirão um valor maior. "Como explicar em casa se você assinar uma proposta menor em prejuízo de uma maior? Os presidentes são administradores eventuais dos clubes e devem fazer o melhor para a entidade", disse.
Pelo acordo, a Rede TV! tem direito de sublicenciar a transmissão para outra emissora se pagar 20% do valor da oferta ao Clube dos 13 ou um mínimo de R$ 40 milhões. No entanto, pelo discurso de João Alberto Romboli, diretor de relacionais institucionais da emissora, a ideia é manter a exclusividade.