Amado por aqueles que clamam pela justiça, odiado pelos que querem emoção: o sistema de pontos corridos será disputado pela décima vez no Campeonato Brasileiro a partir deste sábado. Regulamentada em 2003 principalmente porque o líder da fase de classificação do ano anterior (São Paulo) caiu logo nas quartas de final para o Santos (oitavo colocado), a fórmula traz, cada vez menos, margem a surpresas e é cruel aos times com menor investimento e organização. Em contrapartida, prioriza o equilíbrio nas disputas pelo título, das vagas na Libertadores e até contra o rebaixamento.
"Na Espanha, com turno e returno e direto, o bom era o Barcelona que ficou atrás de um primeiro colocado que fez 100 gols. Lá só tem dois, os outros competem para perder de pouco. Em Portugal também são só dois ou três clubes", comenta o técnico Emerson Leão, atualmente no São Paulo, que participou de todas as edições de pontos corridos e exaltou nos últimos anos a disputa de várias agremiações pelo troféu de campeão.
Mesmo com o número superior de concorrentes em busca do título em relação a outros países, as surpresas registradas no passado do Campeonato Brasileiro, como as conquistas de Guarani (1978), Coritiba (1985), Bahia (1988) e Atlético-PR (2001), tendem a ficar mais difíceis de serem repetidas. Atualmente, até mesmo alguns grandes sofrem com uma incômoda sequência de insucessos no torneio nacional. O Internacional não vence a competição desde 1979, enquanto o Palmeiras amarga um jejum de 18 anos. "No Campeonato Brasileiro, dificilmente acontece zebra. A zebra começa bem, mas não termina bem. A zebra dura um curto espaço de tempo", afirma Leão.
A experiência de Leão determina que, mesmo sob críticas dos defensores do mata-mata, o atual regulamento é o ideal para indicar o melhor do País. "Pontos corridos é o que mais me agrada porque premia quem chega à frente por mérito. E um mérito longo. A equipe que tiver melhor caixa, grupo de trabalho, organização e se importar com todas as partidas sem desmerecer ninguém pode levar vantagem", explica o treinador. "O ideal é tudo aquilo que o Brasil não quer. Todos contra todos em dois turnos premia o mais regular", completa.
Para a edição 2012, o favoritismo é direcionado aos clubes que foram para a Libertadores e contam com os melhores elencos. O Internacional, eliminado nas oitavas de final da disputa sul-americana, pode ter vantagem sobre Santos, Corinthians, Vasco e Fluminense, que devem poupar seus times nas rodadas iniciais do torneio nacional.
O elenco colorado mostra-se, aliás, motivado com a possibilidade de encerrar a série de três décadas sem a conquista do Brasileirão. "Seria muito bonito não só para mim, mas para todos os companheiros vencer o Brasileirão. Temos força e qualidade para melhorar ainda mais e lutar pelo título. Temos essa gana de ganhar, mas temos que ir partida por partida. Cada jogo é uma final", define o meia Dátolo, um dos estrangeiros estreantes da edição 2012 do Brasileirão.
Ainda assim, o Corinthians, atual campeão brasileiro, acredita na chance de repetir a tática do ano passado. Foram nove vitórias e um empate nos dez compromissos iniciais. "É importante começar bem a competição, como começamos no ano passado. Aquela sequência de nove vitórias foi decisiva para sermos campeões. Por isso, nosso time vai tentar estrear já vencendo", exalta o zagueiro Leandro Castán.