Os menos de 5 mil torcedores do São Paulo presentes na Arena Barueri na noite desta quinta-feira não viram nenhum espetáculo. Mas celebraram, ao menos, uma sequência de oito vitórias que não ocorre desde fevereiro de 2004. Graças a Fernandinho, que saiu do banco para participar dos dois gols do 2 a 0 sobre o Catanduvense que mantém o time na liderança do Campeonato Paulista.
Festa mesmo o torcedor do Tricolor pôde fazer mais antes da partida e no intervalo, quando o telão do estádio exibia cenas do filme que celebra os 100 gols de Rogério Ceni – o centésimo, ocorreu há um ano, exatamente em Barueri, diante do Corinthians.
Desde então, o time não fez mais gols de falta. E o goleiro segue fora por contusão, assim como o também ídolo Luis Fabiano. O que sobrou em campo foi um time que, mesmo diante de um rival que briga para não ser rebaixado, se prejudicou pelo excesso de individualismo no primeiro tempo.
Na volta do intervalo, Emerson Leão colocou Fernandinho. E foi o camisa 12, posicionado como um centroavante, aos 29 minutos do segundo tempo, que garantiu mais três pontos, mantendo o clube do Morumbi à frente de Corinthians e Palmeiras na tabela de classificação do Estadual. Nos acréscimos, o atacante ainda criou a jogada do gol contra de Cleber.
O São Paulo volta a entrar em campo no domingo, às 18h30, quando visita o Ituano. Já o Catanduvense, na luta para não disputar a Série A2 do Paulistão em 2013, atua no mesmo dia e horário em casa, diante do Guarani.
O jogo -Com a mesma escalação que venceu o Mirassol no domingo, só com a volta de Rodrigo Caio à lateral direita, o São Paulo entrou em campo ciente de que o Catanduvense, ansiando por deixar a Arena Barueri com um ponto, atuaria de maneira retrancada, prestigiando a defesa. Mas o Tricolor não soube se desvencilhar do previsível.
Por cerca de 20 minutos, os comandados de Emerson Leão descobriram a melhor maneira de chegar à área da equipe interiorana. Mesmo com um lateral esquerdo que não saiu da defesa, o Catanduvense não conseguia bloquear aquele lado. Estava tão acessível que o canhoto Cícero e até Bruno Cortez passaram por ali.
Com troca de passes para abrir espaço no paredão formado pelo técnico Roberval Davino, o São Paulo assustou mais em arremate de Willian José aos seis minutos. Porém, mesmo sem finalizar demais, dominava o adversário a ponto de dar a sensação que a goleada era questão de tempo. O problema era que estava fácil demais.
Lucas logo percebeu que conseguia vencer seus marcadores na velocidade e insistiu nas jogadas individuais. Acabou virando exemplo para toda a equipe: Casemiro desistiu de lançar para driblar, Jadson deixou de tocar de primeira, Cícero só recebia bolas mascadas, Cortez não avançava sem tentar uma finta…
A nova postura individualista, já criticada em outros jogos por Leão, era exatamente o que o Bruxo, apelido do Catanduvense, desejava. Com exceção de algumas arrancadas de Lucas que terminavam com alguém livre errando em sua área, o time do interior, que briga contra o rebaixamento, conseguiu conter o líder do Paulista no início da 16ª rodada.
Na volta do intervalo, Leão tentou forçar a velocidade pelos lados para abrir o ferrolho de Catanduva trocando o inútil Jadson por Fernandinho. Demoraram cerca de cinco minutos para o Tricolor perceber que tinha o camisa 12 como opção pela esquerda. Quando isso ocorreu, o duelo tornou-se um treino de ataque contra defesa.
A dificuldade, contudo, era escapar da dura marcação imposta pelos disciplinados atletas de Roberval Davino. As tentativas surgiam mais em cobranças de falta, mas nenhuma delas com eficiência para assustar, tanto em cruzamento quanto em chutes diretos.
A torcida presente, irritada, gostou de ver Casemiro sair para a entrada de Maicon, assim como a troca de Willian José por Osvaldo. O treinador criou mais alternativas pelas pontas e abriu mão da marcação no meio-campo. Mas foi a troca das peças que se tornou decisiva.
Aos 29 minutos do segundo tempo, Maicon cobrou escanteio – Jadson estava fora -, Rodrigo Caio desviou de cabeça na segunda trave e Fernandinho, posicionado como um centroavante – função de Willian José, então no banco -, livre na pequena área, escorou com o pé nas redes.
O Catanduvense, que mal pisava no ataque, já não podia mudar o resultado. E acabou punido mais uma vez por sua postura aos 48 minutos, quando Fernandinho arrancou pela esquerda e cruzou forte e rasteiro na pequena área. Lá estava Cleber, defensor do Bruxo que escorou com o pé contra as próprias redes.