Atletas de alto rendimento poderão ganhar bolsas de R$ 5 mil a R$ 15 mil com base nos resultados obtidos em competições internacionais e critérios técnicos das confederações esportivas. É o que propõe o Programa Bolsa Atleta Pódio, apresentado hoje (29) e que faz parte do Plano Brasil Medalhas 2016, lançado em setembro do ano passado.
O secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, disse que o programa é voltado para a profissionalização dos atletas olímpicos. "Tudo o que nós estamos fazendo é construir os Jogos Olímpicos do Rio 2016 e construir um legado esportivo para o nosso país. O nosso objetivo é ter o melhor desempenho da história do Brasil, de todos os Jogos Olímpicos, mas que esse desempenho não acabe. É construir uma nova situação para o esporte brasileiro. A gente gostaria que o esporte brasileiro se dividisse em antes e depois de 2016".
De acordo com ele, serão investidos R$ 1 bilhão até 2016, sendo R$ 390 milhões para a construção de centros de treinamento e R$ 610 milhões para o apoio aos atletas. A primeira modalidade beneficiada foi o judô, que tem garantido medalhas olímpicas e em mundiais para o país. O anúncio dos 27 atletas beneficiados foi feito hoje durante o Campeonato Mundial de Judô, que termina no domingo (1º) no Ginásio do Maracanãzinho.
O primeiro campeão olímpico do judô brasileiro, Rogério Sampaio, ouro em Barcelona em 1992, destaca a tranquilidade que a bolsa proporciona aos atletas para se profissionalizar e se dedicar ao treinamento. "Nos últimos anos, até pela credibilidade que vem sendo construída pela confederação, o número de patrocinadores aumenta. Mas o apoio do governo federal por meio do Bolsa Pódio vai aumentar ainda mais a tranquilidade para que os atletas possam treinar. E a gente sabe que a consequência disso serão resultados melhores ainda".
João Derly, primeiro judoca brasileiro a conquistar um ouro em mundial, em 2005 e 2007, explica que sua maior luta foi fora do tatame. "A possibilidade de ter um recurso, fora o patrocínio privado, traz uma segurança enorme de fazer um trabalho. Sempre me perguntam qual foi o principal adversário, eu digo que foi ter patrocínio para ter condições de me manter dentro do esporte. Eu só tive essa oportunidade de patrocínio privado depois de ter conquistado um título mundial".
Rafaela Silva, que ganhou ontem (28) o primeiro ouro do judô feminino em mundiais, acredita que agora terá mais recursos para treinar. "Eu sou de uma família humilde, então quando eu comecei no judô eu sempre ganhava as competições, mas não sabia se ia viajar, sempre tinha essa dúvida. Com o apoio da bolsa é muito importante porque eu vou poder comprar meu quimono, minha suplementação, pagar uma viagem, é muito importante para o atleta".
Sarah Menezes, que conquistou o primeiro ouro olímpico do judô feminino, no ano passado em Londres, disse que a bolsa vai proporcionar mais dedicação aos treinos. "Eu sempre recebi Bolsa Atleta, e agora com Bolsa Pódio triplica o valor. Isso é muito bom, dá uma tranquilidade, um conforto bem melhor para o atleta e a gente fica bem satisfeito".
O programa deve beneficiar 160 atletas, de 21 modalidades olímpicas e 15 paralímpicas. O objetivo é que o Brasil fique entre os dez primeiros no quadro de medalhas em 2016 e entre os cinco melhores nos Jogos Paralímpicos. Já saiu a lista dos 44 para-atletas beneficiados. Os próximos esportes contemplados serão anunciados assim que forem aprovados os planos enviados pelas confederações.
A bolsa é revisada a cada ano, podendo diminuir ou aumentar de valor de acordo com o desempenho do atleta, que pode também ter o benefício cortado. O Bolsa Atleta será concedida este ano a mais de 6 mil esportistas, nas categorias base, estudantil, nacional, internacional e olímpico/paralímpico e Pódio.