O Corinthians está nas semifinais do Campeonato Paulista. Neste domingo, um ano após ser eliminado do torneio pela Ponte Preta, o time dirigido por Tite se vingou da rival com autoridade. Fez 4 a 0, com gols de Romarinho, Emerson, Guerrero (de pênalti) e Alexandre Pato, e tirou do sério o time de Campinas a ponto de o volante Baraka ter sido expulso no Estádio Moisés Lucarelli.
Com a classificação garantida, o Corinthians aguarda agora o vencedor da partida entre São Paulo e Penapolense para saber o seu adversário do próximo fim de semana. Antes, tentará tirar proveito da confiança adquirida para iniciar bem o duelo com o argentino Boca Juniors na quarta-feira, em La Bombonera, pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América.
Já a Ponte Preta, que fez boa campanha na primeira fase do Estadual, tem a Copa do Brasil para se preocupar. Festejada por sua torcida (que também protagonizou um confronto violento com a Polícia Militar) mesmo com a derrota, a equipe de Campinas enfrentará o Bragantino somente em 9 de maio, fora de casa, pela segunda fase da competição.
O jogo – Cerca de uma hora antes de a partida começar, o confronto já havia iniciado nas arquibancadas do Moisés Lucarelli. Um grupo de torcedores do Corinthians que havia comprado ingressos para o setor destinado ao público da Ponte Preta acabou escorraçado dali pelos rivais. Só não virou alvo de agressões físicas, em meio a gritos de "gambá", por causa da escolta de policiais militares.
Dentro de campo, a Ponte Preta também queria criar um ambiente hostil ao Corinthians. O time comandado por Guto Ferreira se lançou ao ataque desde os primeiros minutos de jogo – em mais de um momento, praticamente todos os atletas (à exceção do goleiro Edson Bastos) ficaram posicionados no campo de defesa corintiano. Tite, que não perdia a calma com as constantes ofensas do público local, abanava as mãos no ar para empurrar o seu time para a frente.
Apesar do volume de jogo, a Ponte Preta não chegou a criar grandes oportunidades para abrir o placar. A melhor delas surgiu aos 11 minutos, quando o centroavante William recebeu lançamento do zagueiro Cléber e emendou um chute forte, de primeira. O goleiro Danilo Fernandes, chamado de "frangueiro" sempre que aparecia em cena, fez uma defesa plástica e deu uma resposta aos ponte-pretanos mais exaltados das arquibancadas.
Quem também estava "com a macaca" era o atacante Emerson. Sempre provocador, o Sheik tirava do sério seus adversários (principalmente Chiquinho, seu ex-companheiro de Corinthians) com trombadas e divididas mais fortes. Quando era ele quem sofria a falta, fazia questão de valorizar – chegou a tirar a chuteira para reclamar de violência da Ponte Preta. O parceiro Paolo Guerrero seguia o exemplo em todos os choques com Cléber.
Com a disposição de seus atacantes, o Corinthians passou a incomodar a Ponte Preta não somente com a postura provocativa. Aos 31 minutos, na primeira chance de gol criada pela equipe de Tite, Guerrero invadiu a área pela direita e bateu rasteiro e cruzado. A bola passou muito próxima da meta – em um prenúncio do que estava por vir na jogada seguinte.
Aos 32, o mesmo Guerrero recebeu um passe de calcanhar de Danilo e arriscou o chute forte de fora da área. Edson Bastos espalmou para a frente. Atento e livre de marcação, Romarinho aproveitou o rebote para empurrar a bola para a rede. O atacante bateu no peito e comemorou o gol diante de uma das torcidas organizadas da abalada Ponte Preta.
O gol de Romarinho não havia desestabilizado apenas os jogadores da Macaca. Sob a justificativa de que um torcedor corintiano infiltrado festejou na área do público mandante, a uniformizada da Ponte Preta deu início a um violento confronto com a Polícia Militar. Assustadas, algumas famílias se apressaram para deixar o estádio antes mesmo do intervalo.
O tumulto foi tamanho que poucos torcedores olhavam para o campo quando o Corinthians ampliou o placar – estavam mais interessados na briga com os policiais militares. Aos 38 minutos, Emerson ficou com a assistência brigada por Fábio Santos na ponta esquerda, ajeitou e bateu no canto. Edson Bastos ainda tocou na bola, mas aceitou o gol mais uma vez. "Era um lance difícil", tentou justificar.
No segundo tempo, a situação ficaria ainda mais difícil para a Ponte Preta. Logo aos oito minutos, Emerson entrou na área e caiu quando sentiu a aproximação de Cléber. O árbitro Raphael Claus soprou o apito e apontou a marca da cal, apesar dos gritos de "vergonha". Guerrero se encarregou da cobrança, deslocou Edson Bastos e deixou o Corinthians muito próximo das semifinais do Campeonato Paulista.
De imediato, Guto Ferreira tentou minimizar os problemas da Ponte Preta com a entrada de Rildo no lugar de Bruno Silva. Ele só não contava com uma expulsão logo em seguida. Aos 14 minutos, Baraka derrubou e pisou em Romarinho. Deixou o campo revoltado com o cartão vermelho. "Joguei um monte de partidas do Brasileiro e não tomei nem o amarelo. Aí, vem o cara e me expulsa", esbravejou, enquanto a sua torcida desferia os últimos insultos à arbitragem antes de se calar.
Guto não desistiu. Em pé à beira do campo desde o primeiro minuto de jogo, o técnico trocou o atacante Everton Santos por Xaves. Àquela altura, no entanto, o Corinthians já aproveitava o abatimento da Ponte para administrar o resultado positivo em Campinas. Tite esfriou ainda mais a partida ao promover a substituição do capitão Alessandro pelo veloz Edenílson.
Como o Corinthians já não tinha mais ímpeto para atacar no final do primeiro tempo, a Ponte Preta ganhou espaços para tentar descontar o marcador – faltava animação para chegar ao gol. Nos minutos finais, Tite ainda testou possíveis alterações para o decorrer do jogo com o Boca Juniors: Alexandre Pato e Douglas ocuparam as vagas de Romarinho e Guerrero. Já Guto Ferreira se despediu do Campeonato Paulista com Diego Rosa no lugar de Cicinho.
Aos 44 minutos, pouco depois de desperdiçar uma chance clara, ainda houve tempo para Pato deixar a sua marca no Moisés Lucarelli. Um golaço: o atacante recebeu a bola de Emerson, limpou dois marcadores, driblou Edson Bastos e conferiu para o gol vazio, sacramentando a goleada e a classificação.