Modesto Roma Júnior foi o vitorioso de uma das mais confusas eleições da história do Santos. Na tarde deste sábado, uma semana após o pleito ser adiado, o candidato da chapa 4 recebeu 1.321 votos em maioria manuais – as urnas eletrônicas do ginásio da Vila Belmiro voltaram a apresentar problemas – e superou os adversários José Carlos Peres (1.139), Fernando Silva (1.077), Orlando Rollo (855) e o situacionista Nabil Khaznadar (735) para assumir o cargo que era de Odílio Rodrigues.
Apresentando-se como o único candidato de oposição entre os cinco que pleiteavam o posto de Odílio, o jornalista Modesto Roma Júnior é filho do ex-presidente santista Modesto Roma, que comandou o clube entre 1975 e 1978. Aos 62 anos, Modestinho, como é conhecido, promete realizar uma grande reforma no Santos, com direito à mudança estatuária. O seu principal aliado é o ex-mandatário Marcelo Teixeira, ainda bastante influente na política santista.
Antes de chegar à vitória neste fim de semana, Modesto voltou a vivenciar uma polêmica na Vila Belmiro, com a falha das urnas eletrônicas instaladas no ginásio. Paulo Schiff, presidente do Conselho Deliberativo do clube, foi obrigado a se posicionar novamente: “Não sei exatamente qual foi o problema, mas as urnas eletrônicas não funcionaram. A empresa responsável pediu meia hora e não resolveu. Passamos para o plano B”. Ele se referia às cédulas manuais, que atrasaram a contagem dos votos e a divulgação do resultado oficial.
Não era somente o tempo, contudo, que incomodava alguns candidatos. Orlando Rollo chegou até a contestar a eleição de Paulo Nobre como presidente do Palmeiras, já que a empresa Microbase (responsável pelas urnas computadorizadas) também atuou no pleito da agremiação rival. Já José Carlos Peres definiu como uma “vergonha” o que voltava a ocorrer no Santos. Em São Paulo, contudo, quem fez uso da seção montada na Federação Paulista de Futebol (FPF) pôde registrar a sua opção de maneira eletrônica – Modesto ficou em último lugar na capital, com só 35 votos.
Na semana passada, a confusão na eleição do Santos começou com um atraso. Continuou quando dez urnas eletrônicas, já alvo de insatisfação dos candidatos opositores, apresentaram problemas de sistema, trabalhando com muita lentidão. E atingiu o seu auge no momento em que o mesário e conselheiro situacionista José Ananias da Silva, de 73 anos, foi acusado por uma sócia do clube de inserir duas cédulas em uma urna – a eleição já havia passado a ser manual àquela altura.
Agora, Modesto Roma Júnior terá de deixar no passado a confusão no processo de sucessão de Odílio Rodrigues – e o final dessa gestão, marcado pela polêmica transferência do atacante Neymar ao Barcelona e pela contestada chegada do centroavante Leandro Damião, por exemplo. O presidente eleito precisará traçar rapidamente o planejamento do futebol para 2015 – com as permanências ou não do técnico Enderson Moreia, do ídolo Robinho e do próprio Damião – e definir o elenco que tentará recolocar o time no caminho das conquistas.