De quase nada adiantou o São Paulo entrar em campo antes do Cruzeiro, nesta quarta-feira. Em vez de vencer a partida antecipada para pressionar o líder, a equipe paulista ficou no 1 a 1 com o Internacional, no Morumbi. Resultado que poderia ter sido outro se o árbitro assistente Kléber Lúcio Gil visse impedimento de Paulão na abertura do placar, no começo do primeiro tempo, ou se o vice-líder tivesse vazado o inspirado goleiro Alisson mais de uma vez. O único a conseguir superá-lo foi Luis Fabiano.
Apesar da reclamação de ambos os lados com a fraca arbitragem – o atacante Nilmar pediu pênalti após lance duvidoso dentro da área, nos acréscimos da primeira etapa, e o lateral esquerdo Fabrício gerou confusão ao ser expulso no final -, o fato é que o ponto ganho pelo São Paulo nesta pouco ajuda. O time treinado por Muricy Ramalho fica a três pontos do Cruzeiro, que ainda tem cinco jogos a fazer (um a mais). O Internacional até fura o G-4, saltando da sexta para a terceira colocação, mas com os mesmos 57 pontos de outros três concorrentes.
As duas equipes voltam a campo pelo Campeonato Brasileiro no domingo. A equipe de Abel Braga jogará em Porto Alegre, contra o Goiás, ao passo que o São Paulo fechará a rodada enfrentando o Palmeiras, novamente no Morumbi.
Nesta quarta-feira, três dias após ter sido goleado pelo arquirrival no fim de semana, o Internacional entrou em campo com três zagueiros. Enquanto Alan Costa, Paulão e Ernando se viravam com dificuldade diante do quarteto ofensivo são-paulino – desta vez com Luis Fabiano ao lado de Alan Kardec, já que Michel Bastos foi lateral esquerdo, na ausência do uruguaio Álvaro Pereira -, o ataque colorado apostava em Jorge Henrique e Nilmar. Aos cinco minutos, o primeiro arriscou de longe um chute de efeito e obrigou defesa em dois tempos de Rogério Ceni.
O goleiro são-paulino atuaria também bastante com os pés, na saída de jogo e algumas vezes para se antecipar aos dois homens de frente adversários. Só que, aos 17 minutos, ele nada pôde fazer a não ser reclamar com a arbitragem, depois que Paulão, em condição de impedimento, usou a cabeça para desviar à rede uma cobrança de falta do meia Alex da meia direita. Descontrolado, Rogério Ceni correu até o assistente Kléber Lúcio Gil, mas não convenceu o árbitro Héber Roberto Lopes a anular o gol.
Gol que, irregular, despertou a ira da torcida tricolor e resultou ainda em impaciência dentro de campo ao longo do primeiro tempo. Situações que talvez pudessem ter sido evitadas se Alisson não estivesse tão bem. Até então responsável por uma única defesa – em arremate de fora da área de Luis Fabiano, o goleiro contou com ajuda da trave direita aos 20 minutos e, na mesma jogada, salvou o Internacional em dois arremates seguidos do zagueiro Lucão à queima-roupa – no segundo deles, a bola lhe acertou o rosto.
Antes terceira opção do elenco e atualmente tendo Dida como reserva, Alisson honrou o antigo dono da posição ao fazer outra grande defesa três minutos mais tarde. A defesa pedia impedimento quando Luis Fabiano aproveitou sua boa condição dentro da área e cabeceou para o gol, porém esbarrou nas mãos do goleiro, que já havia deiaxdo a meta e estava à sua frente.
A salvo e com a vantagem no placar, o Internacional manteve, sem sucesso, a proposta de tentar surpreender em contragolpes e gastar o máximo possível de tempo. Os jogadores São Paulo, já irritados com o erro no gol, dividiam-se entre chiar com a arbitragem e ter pressa com a bola nos pés. Paulo Henrique Ganso, que deveria ser o principal armador do time, não conseguia furar a marcação e ainda recebeu cartão amarelo desnecessário, por reclamação.
O desespero passou a tomar conta das arquibancadas. Primeiramente, ao ver Nilmar ajeitar bola para Alex, livre de marcação, chutar por cima do gol, aos 39 minutos. Mais tarde, pela demora de Hudson em resolver o que fazer com a bola. A torcida só voltou a aprovar a atuação do São Paulo depois de Luis Fabiano descolar escanteio, e Edson Silva quase aproveitar a cobrança em cabeceio rente ao travessão. Para melhorar, o árbitro compensou as paralisações e atrasos com quatro minutos a mais de jogo na primeira etapa.
Mas o São Paulo não se valeu do acréscimo. Ao contrário, passou outro grande susto. Aos 47 minutos, Nilmar foi acionado na intermediária e, após disputa com dois marcadores, caiu dentro da área. "Do meu ponto de vista, foi pênalti", disse o atacante, já no intervalo, momento em que Rogério Ceni se dirigiu à arbitragem, levando a mão a cabeça e depois em direção ao primeiro auxiliar. "Falar o quê de um cara desses?", indagou o goleiro, que recebeu cartão amarelo na volta do vestiário por novamente reclamar do gol colorado.
Com dois minutos de bola rolando, quem errou foi ele. Na tentativa de sair jogando, o ídolo são-paulino entregou a bola nos pés de Alex. O meia a ajeitou pouco à frente do círculo central e bateu para o gol. Muito adiantado, Rogério Ceni voltou correndo para a meta e teve a sorte de a bola passar acima do travessão. No minuto seguinte, o susto deu lugar à comemoração. Luis Fabiano pegou de primeira um cruzamento, balançou a rede e fez a festa do camisa 1.
Mesmo vazado, Alisson continuou sendo importante para o time gaúcho na partida. Aos 11, agarrou chute rasteiro de Kaká da entrada da área. Sete minutos depois, saiu do chão para buscar no ângulo esquerdo um forte cabeceio de Luis Fabiano. O São Paulo buscou a virada de outras formas, em uma falta cobrada por Rogério Ceni e em bolas alçadas à área. Nos acréscimos, Fabrício foi expulso pelo segundo cartão amarelo. Mas nem isso adiantou.