Após ser criticado pela cúpula do Botafogo – que estuda punição – pela sua ausência no confronto diante do Santos, o goleiro Jefferson respondeu às reclamações alvinegras em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira, após o treinamento no Engenhão.
“Todo mundo conhece o meu caráter e o meu profissionalismo, principalmente aqui dentro do Botafogo. Ontem foi uma covardia do Gottardo (Wilson, gerente de futebol do clube), porque em nenhum momento ele veio até mim e disse que precisaria de mim no jogo com o Santos. Deram indícios de que não contariam comigo. Na Seleção, me entregaram a programação com a volta marcada para o Rio de Janeiro. Como disseram que eu voltaria para o Rio, automaticamente entendi que estava fora do jogo no Pacaembu, em São Paulo”, revelou o arqueiro, que continuou.
“Conversei com o Gottardo na China, e em nenhum momento ele disse que precisaria de mim. No dia em que cheguei ao Brasil, fui surpreendido ainda no aeroporto por um rapaz que disse que eu estava no jogo. Perguntei de que jogo ele estava falando. Automaticamente liguei para um membro da diretoria, o Bernardo Arantes, e ele me disse que haviam me mandado um e-mail. Nem me deram parabéns pelo jogo pela Seleção. Acontece que eu não vi e-mail algum, e eles têm meu telefone, poderiam ter ligado. Depois que vi o e-mail, estava escrito ‘Decidimos na terça-feira que você é importante para o grupo e está relacionado para o jogo’. O Gottardo disse depois que já havia combinado comigo antes, e isso foi uma covardia!”, desabafou Jefferson, que ainda alegou que o dirigente já havia concordado em liberá-lo antes de criticá-lo para a imprensa.
“Expliquei minha situação para ele, e ele me liberou. Quatro horas depois, ele procurou a imprensa e disse que não tinha falado comigo ainda. Às vezes cobramos da diretoria, faz parte, mas isso foi desleal. Eu conversei com o Mancini, e quando ele viu o outro lado da moeda, me deu total razão. Isso é reflexo de tudo o que a gente vive. Peço desculpas ao meu treinador e à torcida pela confusão e por não ter ido ao hotel. Mas o Gottardo tem que assumir que conduziu mal. Teve a batata quente, mas preferiu jogar na minha mão ao invés de assumir. Para você ser dirigente, tem que estar preparado. É muita responsabilidade. Os torcedores entenderão o meu lado, por tudo o que represente para o Botafogo e pelo que já fiz. Isso não vai manchar minha carreira, todos sabem do meu profissionalismo”, declarou.
Entenda o caso: Após defender a Seleção Brasileira nos amistosos diante da Argentina e do Japão, o goleiro retornou ao Rio de Janeiro. No entanto, a diretoria e a comissão técnica alegaram que o atleta deveria ter se apresentado ao treinador Vagner Mancini para a partida desta quinta-feira contra o Santos, no Pacaembu, pela Copa do Brasil, na qual o clube carioca saiu derrotado pelo expressivo placar de 5 a 0.
A diretoria do clube usou os atacantes Diego Tardelli e Paolo Guerrero como exemplos, já que ambos defenderam a Seleção Brasileira e a equipe do Peru e ainda atuaram pelas suas equipes na partida entre Atlético-MG e Corinthians, também pela Copa do Brasil.
O gerente de futebol Wilson Gottardo deu a entender que o goleiro pode ser punido pela atitude. O técnico Vagner Mancini também demonstrou desapontamento com o ocorrido.
“O Jefferson faz muita falta. Foi uma decisão dele ir para o Rio, tentamos o contato, mas não conseguimos. Não quero entrar no mérito da questão, mas ele deveria estar em campo contra o Santos”, afirmou o comandante.
Sem Jefferson, o jovem Andrey, que estava servindo à Seleção Brasileira olímpica, foi o titular. A escalação dele causou surpresa após Helton Leite ser considerado o melhor em campo na vitória sobre o Corinthians, no fim de semana, pelo Brasileirão.
Além dessa confusão, o Fogão passa por uma situação extremamente complicada na atual temporada. O presidente Maurício Assumpção demitiu quatro atletas que considerava "lideranças negativas", e o clube tem dificuldades de manter seus vencimentos em dia com atletas e funcionários. Ainda por cima, o Botafogo briga para fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.