Convocados pela Confederação Brasileira de Futebol para a entrevista desta terça-feira, os reservas Ramires e Victor se viram obrigados a responder sobre o desequilíbrio emocional de alguns antes da disputa de pênaltis contra o Chile, no sábado. Apesar de a psicóloga Regina Brandão ter sido chamada de volta pelo técnico Luiz Felipe Scolari, eles não tinham muito o que falar, na verdade, porque não foram eles os jogadores que choraram em Belo Horizonte.
Victor é o terceiro goleiro do elenco e, portanto, o jogador com menos chance de atuar na Copa do Mundo. O volante Ramires já foi até titular na segunda rodada da primeira fase, mas apenas para substituir Hulk, poupado, e não continuou no time na sequência. A dupla acabou sendo utilizada apenas para não expor aqueles que externaram desequilíbrio emocional em Belo Horizonte, como o zagueiro Thiago Silva, capitão da equipe, que chorou muito e pediu a Felipão para ser o último da fila a bater pênalti.
As cenas na capital mineira preocuparam bastante o treinador, que se confessou reservadamente com seis jornalistas, nos fundos da sala de imprensa, na segunda-feira. Na conversa, cujo teor foi publicado pelos participantes, Felipão admitiu que chamaria novamente sua psicóloga de confiança para uma reunião com o elenco, na Granja Comary, o que de fato ocorre na tarde desta terça, antes do segundo treinamento para a partida contra a Colômbia (marcada para sexta-feira, em Fortaleza).
Questionado como havia repercutido internamente a conversa do chefe com um grupo de jornalistas, Victor desconversou. "Não repercutiu, porque a gente não ficou sabendo. Ficou sabendo de alguma coisa, mas do conteúdo a gente não ficou sabendo. Tivemos uma conversa (à noite), mas foi mais em cima dos pontos do jogo do Chile, sobre o que se fez de errado e de bom. Mas, o que ele falou para a imprensa, a gente não ficou sabendo, não", falou o segundo reserva de Júlio César, goleiro que também chorou antes da disputa, mas depois defendeu duas cobranças de pênalti.
Também vazou da conversa a informação de que Felipão está descontente com um dos 23 convocados e, se fosse possível, faria uma substituição. Sobre esse assunto, Ramires demonstrou convincente surpresa. "Estou sabendo isso agora, ele não comentou com os jogadores. Não sabíamos nada disso. Ele é que pode dar uma resposta melhor. Nós fomos escolhidos por ele, então ele vai saber responder melhor essa pergunta", comentou o volante, com o tradicional riso que o acompanha após perguntas mais polêmicas.
Essa não é a primeira vez que um treinador da Seleção se reúne com um grupo seleto de articulistas em um Mundial. Em 2006, o treinador era Carlos Alberto Parreira, e ele convidou seis colunistas para um jantar no hotel da concentração. Atual coordenador técnico da equipe, Parreira também estava no bate-papo de terça-feira, que durou cerca de uma hora e contou ainda com a presença de Flávio Murtosa, auxiliar de Felipão.
Em meio a tudo isso, a Seleção tenta se preparar para o jogo decisivo de sexta-feira, válido pelas quartas de final. Nesta terça-feira, os reservas enfrentarão o time sub-20 do Fluminense, em um jogo-treino, e o grupo principal deverá ficar sob os cuidados da preparação física.