No primeiro treino aberto ao público, os jogadores escolhidos para defender o Brasil na Copa do Mundo sentiram que a torcida está disposta a fazer festa, contanto que o time corresponda. O treino tático comandado nesta tarde, no Serra Dourada, teve variações de vibração e até vaia de acordo com a conclusão da jogada.
O último trabalho antes do amistoso desta terça-feira, contra o Panamá, teve acesso livre e gratuito no estádio, que recebeu cerca de 20 mil pessoas, como se esperava. Independentemente de ser um treino tático, a atividade teve valor similar ao de um jogo para os moradores de Goiânia, cidade que não receberá partidas do Mundial.
Cada finalização, mesmo que parecesse displicente, despertava no torcedor presente a esperança de gol. Se cumprisse a expectativa, a comemoração com aplausos, gritos, assovios e buzinas era grande. Caso contrário, lamentação e algumas tímidas vaias eram disparadas até para Neymar.
O maior astro do grupo de Luiz Felipe Scolari, porém, só deve ter sido motivo de tristeza para quem não percebeu que era ele na jogada. O jogador do Barcelona causou, quase sempre, frisson, tanto ao entrar em campo quanto em caminhadas para cobrar escanteio, levando fãs ao delírio mesmo com um discreto sinal de positivo como retribuição. Mais festa, contudo, causou ao dar uma bicicleta.
A idolatria ao camisa 10 e principal esperança do Brasil ficou clara com grupos puxando gritos “Olê, olê, olê, olá, Neymar, Neymar!”. Mas os torcedores deixavam predileções de lado para apoiar a todos, mesmo que com cânticos mais tímidos com o nome do País. “Eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor” e “O campeão voltou” foram outros coros ouvidos.
Sede do primeiro jogo com os convocados reunidos, Goiânia mostra empolgação para o amistoso. Os erros de finalização, normais e até menos frequentes do que é comum em equipes, geravam mais frustração do que tristeza em quem fez questão de aparecer no Serra Dourada na tarde de uma segunda-feira. Tanto que a vibração tomou conta das arquibancadas quando o time se despediu de seus espectadores.
O apoio popular já tinha ficado claro com o aglomerado de fãs na frente do hotel que abriga a delegação e pelo número muito maior de torcedores que fizeram questão de recepcionar o ônibus da Seleção no estádio. Só a estrutura não estava tão pronta, já que foi necessário que membros do Exército arrancassem uma proteção metálica para que o veículo entrasse na arena.
Mas nada atrapalhou a festa natural dos goianos na véspera do amistoso. Equívocos em chutes começaram ser totalmente perdoados quando a finalização levava a bola a quem estava nas arquibancadas. Ânimo parecido também era gerado com chapéus, dribles e domínios de bola com mais classe ao longo da atividade que foi só um exercício preparativo para a Seleção, e um autêntico jogo a quem o viu pessoalmente.