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Medo de leitura labial faz Felipão tapar boca e se virar de costas

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Mesmo a uma distância considerável das centenas de microfones presentes na Granja Comary, Luiz Felipe Scolari vem tendo precaução ao conversar com seus colegas de comissão técnica, com medo de que possa passar por leitura labial, algo que ocorreu com os treinadores da Seleção Brasileira nas duas edições passadas da Copa do Mundo e também com ele, quando dirigia Portugal.

Tanto em 2006 quanto em 2010, o Fantástico tinha em sua programação um quadro em que adolescentes surdos auxiliavam a interpretar o que diziam – à beira do campo, sem captação de som – Carlos Alberto Parreira (atual coordenador técnico da equipe) e Dunga, respectivamente. Na época, ao tomar conhecimento de que havia sido dublado dizendo palavrões, Parreira afirmou que sua privacidade tinha sido invadida e negou ter usado aqueles termos.

As cenas do quadro eram quase sempre  engraçadas para o telespectador, mas revelavam diálogos com jogadores e árbitros cuja divulgação talvez pudesse ser prejudicial para a sequência do trabalho, no entendimento dos envolvidos. O conteúdo variava de instruções táticas e dúvidas de substituições a comentários impublicáveis e que mereciam ser trocados por efeitos sonoros.

Após a reclamação de Parreira, a direção do programa da TV Globo enviou uma carta ao treinador se desculpando por tê-lo aborrecido, mas não abandonou a leitura labial, que, na mesma Copa, foi feita com Felipão, então comandante da equipe portuguesa. Quatro anos mais tarde, os alvos seriam Dunga e o argentino Maradona. De volta à Seleção Brasileira, com a qual foi campeão mundial de 2002, Felipão já pediu para não ser submetido novamente à essa exposição durante a competição, cuja estreia será em 12 de junho.

O pedido, informal e bem-humorado – mas sincero -, foi feito no mês passado, como convidado da gravação de um piloto do programa televisivo. Apesar de ter bom relacionamento com a emissora, ao contrário de Dunga na edição disputada na África do Sul, Felipão não está certo de que será atendido. Por isso, desde o primeiro dia de treinamento em campo na Granja Comary, quando fala com Parreira ou Murtosa, seu auxiliar técnico, ele tem tido a preocupação de se virar de costas para as câmeras da imprensa e até de tapar a boca com o boné.

Antes da abertura da Copa (no duelo contra a Croácia, em Itaquera), a primeira chance de saber se será ou não feita a leitura labial do chefe da Seleção é o amistoso da próxima terça-feira, contra o Panamá, no Serra Dourada, em Goiânia. Haverá ainda um último teste da formação, diante da Sérvia, três dias depois, no Morumbi.

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