A Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) anunciou nesta sexta-feira que entrará nos próximos dias com uma ação na Justiça do Trabalho de São Paulo pedindo alteração no horário dos jogos da Copa do Mundo que serão realizados nas cidades do norte, do nordeste e do centro-oeste brasileiro em horário anterior a 17h. A entidade utiliza como base um estudo realizado nessas regiões que comprova a alta na temperatura corporal no cérebro, o que pode provocar problemas de saúde nos jogadores.
"Precisamos fazer isso para preservar a saúde dos atletas, não só nossos, mas também dos entrangeiros que estarão em terras brasileiras. Depois, porque isso pode abrir um precedente no futebol local. De repente, podem começar a marcar jogos para as 13h no futebol nacional, o que é altamente prejudicial”, justificou Rinaldo Martorelli, presidente da entidade.
O principal alvo da ação são os jogos marcados para as 13h nas regiões mais quentes do país. O primeiro jogo que se enquadra neste contexto será no segundo dia da competição, quando México e Camarões duelam às 13h (de Brasília) na Arena das Dunas, em Natal. O mesmo deve acontecer com partidas na Arena Pernambuco, na Arena Fonte Nova, no Castelão, na Arena Amazônia, na Arena Pantanal e no Estádio Mané Garrincha, que, de acordo com o estudo, não devem ser realizados antes das 17h.
O executivo alegou ter alertado sobre isso ainda em 2012, mas não obteve retorno da Fifa, o que motivou a ação judicial contra a entidade que organiza a Copa do Mundo. “O horário desses jogos me chamaram a atenção, porque não temos aqui no Brasil. Enviei uma carta para a Fifa em novembro de 2012 pedindo para discutir a questão, mas não tive resposta. Depois, já com o estudo em mãos, entreguei um documento completo pessoalmente ao Blatter (Joseph, presidente da Fifa), alguns dias antes do sorteio dos grupos, no final de 2013, mas seguiram sem nos responder”, afirmou.
Para o advogado da entidade, Eduardo Novaes, a alteração no horário dos jogos por meio da Justiça braisleira é plenamente possível. “Existe a questão da proteção ao trabalhador na contituição federal, e ela é auto-auplicavel nessas questsões de saúde. A partir disso, há uma série de legislações que dão suporte a esse trabalho cientifico. As decisões ficam a cargo da Fifa desde que ela não se sobreponha à Constituição, então o juiz pode exigir paradas técnicas ou até adiamento dos jogos”, comentou.
Apesar disso, Martorelli já admite negociar com a Fifa uma solução intermediária. "A gente não pode descosiderar pedidos alternativos. O primeiro ponto é a mudança de horário, que é o ideal. Uma segunda opção seria a atenuação, com o estabelecimento de paradas técnicas obrigatórias", apontou.