O Fluminense só disputa a Série A neste ano graças à decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, em seu primeiro jogo como visitante no torneio, não escapou dos gritos de “segunda divisão”. Mas do outro lado estava o Palmeiras, campeão da Série B com uma política de contenção que pode tirar o artilheiro do clube. A economia acabou atingindo o futebol do time, derrotado por 1 a 0 no Pacaembu neste sábado.
Perto de acertar com o São Paulo, Alan Kardec alegou gastrite e não ficou nem no banco. Com o elenco que a economia do presidente Paulo Nobre permitiu, Gilson Kleina mandou a campo um time cheio de volantes, só com Leandro no ataque, e teve, novamente, Fernando Prass como o melhor em campo executando milagres.
O Tricolor carioca, por sua vez, tem um patrocinador que não o permite conter gastos. Foi da cara linha ofensiva que saiu o gol que mantém os 100% de aproveitamento do time, com Conca tocando para Fred e Rafael Sobis aproveitando para colocar a bola no fundo das redes, aos 44 minutos do primeiro tempo. O resto da partida foi de um Palmeiras raçudo, mas sem qualidade nem organização para evitar a derrota em seu primeiro jogo como mandante após voltar à elite nacional.
Só com os três pontos que somou na estreia apesar da má atuação em Criciúma, o Verdão tenta se recuperar às 16 horas (de Brasília) do dia 4, visitando o Flamengo no Maracanã. No próximo sábado, às 21 horas, o Fluminense, dono de seis pontos, também joga no Maracanã, diante do Vitória.
O jogo – Em meio à negociação que pode tirá-lo do Palmeiras, Alan Kardec foi o principal desfalque do time, juntando-se a Bruno César, Victorino e Thiago Martins, todos sem condições físicas. Com quem sobrou, Kleina resolveu iniciar a partida com três volantes e só Leandro no ataque, uma formação nada sedutora aos 11 mil torcedores que pagaram ingresso e enfrentaram frio nesta noite.
Não adiantou Valdivia chamar a responsabilidade, como se fosse o capitão na linha. Wesley se recusou a atender o pedido do técnico em se aproximar do chileno, preferindo ficar soltando e flutuando entre as intermediárias, e sobrou para Josimar mostrar toda a sua falta de qualidade ao tentar aparecer na frente. O resultado foi um time que insistia na ligação direta sem ninguém alto na frente para vencer pelo alto.
O Fluminense, então, tinha o que queria. Do meio-campo para trás, os atletas souberam aproveitar a permissão do árbitro às entradas duras sem marcar falta e deixavam Leandro, Marquinhos Gabriel e Valdivia sempre no chão, reclamando de dores. Foi questão de tempo para o toque de bola carioca acuar o Verdão em seu campo.
Valdivia se desesperava pedindo para o time ir à frente, buscando a organização que Kleina não conseguiu impor. Nas raras vezes em que tinha a bola, o chileno tocava de primeira para usar a velocidade de Leandro ou Marquinhos Gabriel. Aos 24, o camisa 10 conseguiu abrir para Marquinhos Gabriel levar perigo, mas era pouco.
O Fluminense assustava mais, e repetindo o que fez para vencer o Figueirense na estreia, usando seu trio ofensivo para tocar a bola no chão. Assim, parou em milagres de Fernando Prass nos chutes de Sobis e Conca. Aos 44 minutos, Conca lançou para Fred cruzar rasteiro para Sobis, e não adiantou o desvio do goleiro do Verdão para evitar o já previsível gol.
No banco, Kleina tinha o toque de bola de Mendieta para organizar o time, mas preferiu a inútil velocidade de Serginho no lugar de Josimar no intervalo. O Verdão só mostrou mais correria, e viu a tranquilidade e a qualidade do Fluminense seguirem superiores. Aos seis minutos, Fred isolou a chance do segundo gol quando tinha a meta vazia no rebote de mais uma grande defesa de Fernando Prass.
Kleina gastou suas duas substituições de forma errada, sem colocar o time à frente trocando Marquinhos Gabriel e Leandro por Diogo e Miguel, dois atacantes de origem, sendo Miguel alto, mas que não foram mais do que espectadores de luxo de novas intervenções de Fernando Prass para evitar uma derrota por placar maior, além de outra chance que Fred desperdiçou cabeceando para fora com o gol vazio, aos 38.
Extremamente tranquilo, o Fluminense tratou de adicionar desespero e nervosismo à nada inspirada atuação palmeirense, fazendo cera sempre que podia. De nada adiantavam a gritaria e os tapas que Valdivia dava em suas próprias pernas. O chileno e o torcedor só tiveram o que lamentar em seu primeiro jogo como mandante no Brasileiro do ano de seu centenário.