A pior crise política na história recente do São Paulo ganha contornos cada vez mais graves. Conselheiros do Tricolor receberam nesta quinta-feira um e-mail do ex-vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, em que ele diz possuir provas de que o mandatário do clube, Carlos Miguel Aidar, desviou dinheiro oriundo de negociações de jogadores. Entre as transações que apresentariam irregularidades está a do zagueiro Iago Maidana, cuja compra é investigada pelo STJD por conta da suposta participação de investidores externos no repasse dos direitos econômicos do defensor – a medida é proibida pela Fifa desde maio.
Ataíde foi exonerado do cargo na terça-feira. Ele se envolveu em uma briga com Aidar e desferiu um soco em seu superior durante uma discussão em um hotel paulistano, na segunda-feira de manhã. Após o desligamento de Ataíde, o presidente anunciou a demissão de toda a diretoria para apaziguar os ânimos e formar uma nova base institucional.
Frente à nova denúncia, Aidar participou nessa quinta-feira de uma reunião com membros do Conselho Consultivo e garantiu que não renunciará ao cargo. O mandatário, contudo, está cada vez mais isolado politicamente. A Gazeta Esportiva havia apurado no início dessa semana que dois terços do Conselho Deliberativo já se posicionavam de forma contrária ao presidente são-paulino. Aidar ouviu até de seus conselheiros próximos que a entrega do cargo era a decisão mais sábia a ser tomada neste momento.
Durante a tarde dessa quinta-feira, o ex-dirigente são-paulino Marco Aurélio Cunha, uma das vozes mais influentes no Conselho Deliberativo, se reuniu com o ex-presidente Juvenal Juvêncio para discutir a formação de uma chapa política em oposição a Aidar. A aliança visaria à disputa de uma eventual eleição para apontar o sucessor do presidente. Corre nos bastidores do clube que as acusações feitas por Ataíde possuem “provas muito fortes” contra o presidente. Segundo um dos conselheiros a par da situação, essa sexta-feira será um “Dia D” para a continuidade da atual gestão.
Caso Aidar não suporte a pressão interna e renuncie ao cargo, o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assumirá o clube e convocará eleições para 30 dias. Não há nada que impeça Leco de ser candidato nesse pleito.