O futebol profissional de Mato Grosso vive um ‘fenômeno paradoxal’ da multiplicação de clubes, apesar da crise financeira e técnica que já dura décadas. É cada vez maior o número de municípios com um ou mais clubes, além do já tradicional, o tipo ‘irmão’ mais velho. Antes, só Cuiabá tinha mais de uma equipe disputando a Primeira Divisão do Mato-grossense.
A segunda cidade a ter dois clubes em uma mesma competição foi Rondonópolis, com a ascensão do Vila Aurora à elite no início da década de 90. Hoje, o principal município da região Sul de Mato Grosso já possui três clubes, além dos tradicionais Colorado e ‘Tigrão’ da Vila, tem o Rondonópolis Esporte Clube (REC), criado em 2005 e hoje é uma das referências a nível nacional na revelação de jogadores – o meia-atacante Valdívia, hoje no Internacional (RS) é uma das crias do clube.
No momento, só União e REC estão na Primeira Divisão. O Vila foi rebaixado no Estadual de 2013 e nem cogita disputar a Segundona para voltar à divisão de cima. Por causa do ‘inchaço’ de três times em uma mesma cidade – Rondonópolis com uma população de 195 mil habitantes – criou-se um movimento pela fusão dos três clubes. Mas o projeto morreu, por enquanto.
Nos últimos dois anos, a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) recebeu inscrição de novos clubes de municípios já com representantes na Primeira e Segunda Divisão. Neste último torneio, a procura é maior. A cidade de Sorriso por exemplo, tendo uma população de 66 mil habitantes, só tinha o Sorriso Esporte Clube, primeiro clube do interior a conquistar o Mato-grossense da Primeira Divisão na década de 90. Rebaixado à Segunda Divisão por ter desistido do Estadual do ano passado, após ter conseguido acesso em 2013, o tradicional ‘Lobo’ do Norte já tem um concorrente dentro de casa.
Agora, a cidade tem o Grêmio Sorriso para dividir a atenção do torcedor sorrisense. O clube foi fundado recentemente, mas já está em atividade, disputando o Estadual Sub-19 e já garantiu presença no próximo Estadual da Segunda Divisão.
Barra do Garças é outra cidade a estar dividida por dois times. Além do tradicional Barra Esporte Clube (BEC), apelidado de ‘Galo’ da Serra e hoje licenciado, agora tem a Associação Atlética Araguaia, que ano passado disputou pela primeira vez a Segundona. Neste ano, sem entendimento entre os dirigentes locais, é possível que Barra tenha dois representantes no torneio de acesso.
Em Tangará da Serra, com uma população em 80 mil habitantes, há também divisão. A cidade já tem o Tangará, que já chegou a disputar a Primeira Divisão e o Serra, existente há seis anos. Sem falarem a mesma língua, os diretores das duas equipes prometem inscrever seus respectivos clubes na Segunda Divisão deste ano.
Até Várzea Grande, segunda cidade de Mato Grosso com maior população de 252 mil pessoas, viveu algo inédito na temporada de 2013. Nesse ano, o município teve dois Operários brigando pelo acesso à Primeira Divisão. O tradicional Clube Esportivo Operário Várzea-grandense foi reativado pelo empresário César Gaúcho. Antes disso, a Cidade Industrial vinha sendo representada pelo Operário Futebol Clube, tendo seu registro como clube-empresa. Este último foi adquirido pelo empresário carioca Sebastião Viana em 2011.
Na disputa entre os Operários, o ‘Chicote’ da Fronteira levou a melhor, voltando à elite do futebol mato-grossense com o vice-campeonato da Segundona daquele ano.