O caminho para Paulo Henrique Ganso retornar ao Santos estava livre. Aparentemente, os obstáculos para o acerto eram facilmente solucionáveis, principalmente pelo fato de o acordo ser bem visto por todas as partes envolvidas. No entanto, o clima de incerteza no São Paulo após a saída do técnico Muricy Ramalho pode acabar atrapalhando o negócio.
Muitos nomes são cogitados pela diretoria tricolor. Vanderlei Luxemburgo, Abel Braga, Cuca e até mesmo os argentinos Alejandro Sabella e Jorge Sampaoli estão na lista de concorrentes ao cargo. E, caso o treinador contratado para essa nova fase peça a permanência do meia, a diretoria não deve se opor, mesmo insatisfeita com o desempenho do atleta nesses quase três anos de vínculo.
A rejeição de parte da torcida santista em função da polêmica transferência para o rival, em 2012, é algo superado pela atual cúpula do Peixe, com a qual Ganso sempre teve um bom relacionamento.
Recentemente, o jogador até posou para uma fotografia ao lado do ex-presidente Marcelo Teixeira em uma pizzaria da cidade litorânea e não desmentiu que gostaria de voltar a vestir a camisa alvinegra no futuro.
“É claro que ele voltaria, não tem problema algum. O futebol é assim”, disse uma pessoa muito próxima a Ganso, mas que prefere não se identificar.
São Paulo e o grupo de investimentos DIS têm o objetivo comum de buscar uma valorização do jogador o quanto antes para encontrar um comprador europeu, mercado tão desejado por Ganso há tempos. A ideia é lucrar com uma venda na janela de transferências do fim do ano e, por isso, o Santos é visto como uma grande vitrine para esse período.
O Peixe entende que não tem como sair perdendo nessa história. Afinal, o contrato envolveria um empréstimo sem custos ao time da Vila Belmiro, que arcaria apenas com 50% do salário de Ganso. Essa fatia está enquadrada no plano orçamentário de Modesto Roma Jr. para o futebol.
Além disso, a equipe santista é dirigida por Marcelo Fernandes e Serginho Chulapa. Ambos conhecem o jogador desde as categorias de base e também cultivam um bom relacionamento.
No São Paulo, o estafe de Ganso sabe que o clima para o jogador não é bom. O clube do Morumbi perdeu a paciência com o camisa 10, que deve, inclusive, deixar o time titular. Milton Cruz, que assumiu o comando técnico interinamente, não tem uma boa relação com Ganso, decidiu poupá-lo na rodada do Campeonato Paulista desta quarta-feira, mas a tendência é que outro jogador tome sua vaga no meio de campo nas próximas partidas.
O problema é que iniciar um processo de fritura de seu patrimônio não é vantajoso para o São Paulo, que investiu R$ 23,9 milhões no meia. E, como os dirigentes tricolores seguem refutando propostas que não beirem os € 20 milhões (algo que gera atrito com o jogador, já que o seu estafe entende que o mercado está em crise e uma pedida tão alta apenas afasta possíveis compradores), tentar valorizá-lo em outra agremiação é visto como o plano perfeito.
Apesar do representante de Ganso ser o empresário Giuseppe Dioguardi, a DIS, detentora de 68% dos direitos econômicos do atleta, está intermediando as conversas com os dois clubes. O Santos foi procurado, nos bastidores, para iniciar as tratativas há aproximadamente um mês.
Modesto Roma Jr. admitiu que esteve com três membros dos grupos Sonda e DIS, ambos dirigidos pelo empresário Delcir Sonda, na semana passada. Entretanto, alegou que a reunião foi realizada para tratar de outros assuntos.