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Rogério Ceni assume o comando do São Paulo

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Essa quinta-feira não foi um dia qualquer para o São Paulo Futebol Clube. Afinal, o maior ídolo da história do Tricolor do Morumbi foi apresentado na sala de imprensa do CT da Barra Funda. Rogério Ceni está de volta ao clube que aprendeu a amar e se tornou um ícone. Ciente dos riscos dessa nova fase, o ex-camisa 01 adotou um discurso simplista, mas detalhou todas suas ideias, talvez como quem quisesse provar o seu preparo para uma experiência inédita. Convicto e com o respaldo que sua trajetória nos campos lhe dá, Ceni, contudo, garantiu que vai encarar essa missão em busca de ainda mais glórias, e não por dinheiro ou qualquer outro fim.

“O que me moveu foi mais ou menos o que me moveu a bater uma falta em 1997, quando nenhum outro goleiro brasileiro tinha feito isso. O que me move são os grandes desafios. Como em toda minha carreira, passei por todas as situações, de glórias, títulos, grandes dificuldades. Meu pai sempre diz que só erra quem decide. Quero ser julgado como treinador, não mais como jogador. E vamos tentar montar um elenco forte para o próximo ano”, disse Rogério Ceni para uma sala completamente lotada por profissionais da imprensa, dirigentes e sócio-torcedores.

“Meu coração diz que se o São Paulo me chama para uma oportunidade como essa, eu jamais poderia recusar. E a profissão de técnico não se trata apenas do conhecimento do jogo, mas a gestão de pessoas também. Talvez seja a principal virtude da equipe de treinador, junto com seu presidente. E sem isso é impossível ter um bom planejamento de trabalho. Quando as partes caminham juntos, num dia a dia favorável, tudo pode acontecer de melhor”.

Famoso por ser avesso a entrevistas, Ceni surpreendeu nesse sentido. Com respostas longas e com um semblante sereno, o novo técnico não fugiu de nenhum questionamentos, fugiu de qualquer polêmica e fez questão de explicar de forma minuciosa como pretende trabalhar e o que espera do seu time em campo.

“Seria uma pretensão muito grande eu dizer que vou mudar alguma coisa no futebol brasileiro. Não estou trazendo novos conceitos. Tenho os meus conceitos, e as minhas ideias batem com as do Michael (Beale, novo auxiliar). Os treinamentos serão muito intensos e mais curtos, sim, porque é assim que vejo o futebol”, explicou, tentando manter um discurso humilde, “de quem está chegando agora”. Em cima disso, o experiente profissional de futebol evitou entrar em conflito com Renato Gaúcho, que nesta quarta, após ser campeão da Copa do Brasil, cutucou os treinadores que se dedicam em estudos fora do país.

“Quem vence sempre tem mais histórias para contar. Eu admiro o Renato, primeiro pelo atleta que foi, campeão mundial como melhor jogador. E não só pela conquista, ele demonstra toda capacidade para dirigir não só o Grêmio, como outros clubes. Qualquer profissional que tenha conhecimento sobre futebol, ele tem chance de ser treinador. Eu creio que sempre que a pessoa se atualiza, estuda… Eu respeito os dois tipos de profissional, e os dois podem ter sucesso no futebol. Vejo, por exemplo, o Roger, que é mais jovem, estudioso, detalhista, e vejo Renato num estilo diferente e não diminui a grandeza, principalmente pelo título”, despistou.

Rogério Ceni encerrou sua carreira profissional em dezembro de 2015 em uma das maiores homenagens que um jogador já recebeu de um clube brasileiro. Mas, depois de poucos dias de férias, em que aproveitou para viajar aos Estados Unidos com a família, o obcecado profissional, assim como era quando calçava chuteiras, voltou a viver intensamente o futebol, desta vez, fora de campo. Na Europa, Ceni foi estudar. Se formou no curso para técnicos da Federação Inglesa de Futebol (FA) e acumulou experiências junto a grandes treinadores de clubes gigantes do Velho Continente, como Liverpool, Chelsea, Manchester City, Sevilla, além de tantos outros clubes de menor expressão.

A ideia inicial de Rogério Ceni era seguir os estudos com os cursos da Uefa exclusivamente para técnicos, mas, mudou o rumo de seu futuro em função do convite do clube que defendeu por 25 anos. Mas, se não pôde mais seguir na Europa, como pretendia, resolveu trazer um pouco deles para o Brasil. No São Paulo, ao seu lado, além de Pintado, terá o inglês Micheal Beale e o francês Charles Hembert.

“Eu tive o segundo semestre fora. O primeiro aproveitei para descansar, acompanhar o São Paulo na Libertadores, no Morumbi, em especial, e pela TV, nos jogos fora de casa. Vi um semestre promissor, de possibilidade de grande conquista. E no segundo semestre fui para a Inglaterra. Passei vários dias, fazendo curso da federação inglesa. Para aprimorar o inglês, primeiramente, e o aprendizado que a federação oferece. Minha intenção era fazer níveis mais avançados do curso, mas apareceu esse convite, essa oportunidade. E como conversei com o técnico do West Ham, ele me dizia que a gente fica esperando uma oportunidade, e ela nem sempre acontece. E eu resolvi interromper os estudos para ser treinador. Então visitei muitos clubes”.

Toda a idolatria dos são-paulinos a Rogério Ceni é justificada em números. O ex-goleiro bateu praticamente todos os recordes individuais possíveis para um atleta de futebol. Com a camisa tricolor, foram 18 títulos. A única taça que ficou faltando na galeria do Mito é a da Copa do Brasil, título esse que o clube nunca conquistou em sua história. Ceni se consagrou Bicampeão da Copa Libertadores, Bicampeão Mundial, ganhou uma Supercopa, uma Sul-Americana, duas Recopas, levou dois títulos da Conmebol, é Tricampeão Brasileiro, Tetracampeão Paulista e levou um Rio-São Paulo. Pela Seleção Brasileira, fez parte do grupo campeão da Copa das Confederações em 1997 e da Copa do Mundo de 2002.

Como jogador profissional, Rogério Ceni tem 1.237 partidas disputadas pelo São Paulo, sendo 648 vitórias, 275 empates e 314 derrotas. O goleiro está no Guinnes Book, o livro dos recordes, como o atleta que mais defendeu um mesmo clube de futebol. Foram 978 jogos usando a braçadeira de capitão tricolor. O maior goleiro artilheiro da história também contabiliza 131 gols – 61 de falta, 69 de pênalti e um com a bola em jogo. Todos esses feitos renderam a Rogério Ceni seis Bolas de Prata e uma Bola de Ouro, foi considerado duas vezes o craque do Brasileirão e o melhor jogador do Mundial de Clubes de 2005.

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