Dois professores da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) venceram uma maratona de atividades e testes para a escolha dos árbitros que atuarão nas Olimpíadas e Paralimpíadas deste ano no Rio de Janeiro. O professor Tomires Campos Lopes e a professora Layla Maria Campos Aburachid foram convocados, respectivamente, pela Associação Internacional de Atletismo (IAAF – International Association of Athletics Federations) e Federação Mundial de Badminton (BWF – Badminton World Federation) para participarem dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e partem para o Rio de Janeiro dia 9 de agosto.
“E, com a Federação Mundial de Badminton, a UFMT será uma das primeiras universidades chanceladas para ministrar o shuttle time, um curso de Badminton somente para graduandos em Educação Física”, completa o diretor da FEF, professor Evando Carlos Moreira.
Para serem escolhidos, os professores participaram de processo de seleção por essas entidades abertas a todo o País. “Os árbitros devem ter o curso internacional de arbitragem e passam por avaliação pelas Federações Internacionais em eventos prévios, o que pode durar até um ano (vários eventos antes). No meu caso, que irei pelo Núcleo de Ciências do Esporte em Badminton, a convocação se deu em prol da demanda de análise da Seleção Brasileira de Badminton in loco”, explica a professora Layla Aburachid. De acordo com ela, este Núcleo, vinculado à Confederação Brasileira de Badminton para as Olimpíadas, foi criado via edital público ao qual concorreram professores de instituições de ensino superior que publicaram artigos e atuaram nesta área em 2015. “Esta ação nos Jogos Olímpicos foi previamente estabelecida para que possamos avaliar e propor novas ações em prol do desenvolvimento do esporte”.
No caso do Atletismo, primeiro é preciso pertencer ao quadro de árbitros da Confederação Brasileira (CBAT), informa o professor Tomires Lopes, que é árbitro da Federação de Atletismo de Mato Grosso (FAMT), filiada à CBAT. “Esses árbitros devem ter um nível mínimo de especialização no âmbito da arbitragem e, em meu caso, sou Árbitro Nível I, que é o quarto degrau nas categorias de arbitragem”, observa. Os árbitros com Nível I são chamados de Oficiais Técnicos Nacionais (NTO’s) e são somente estes que podem candidatar-se à Olimpíada.
Outra exigência é que se mantenham em atuação de arbitragem em nível nacional, bem como participem dos eventos-testes, que são avaliações promovidas pela CBAT em parceria com a IAAF. São eventos de avaliação. “Depois desse processo a relação de selecionados é enviada pela CBAT ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 que, por sua vez, nos convoca”, relata o professor. Em Mato Grosso, apenas dois foram selecionados, ambos Árbitros Nível I.
Para ser convocado para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ele precisou passar pelas categorias A, B, C para chegar ao Nível I. Depois, teve que atuar no Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, um evento-teste realizado no Rio de Janeiro em que atuação foi avaliada como condição para atuar nas Olimpíadas. “Neste evento-teste passamos também por um curso e uma avaliação de nível internacional para atuar nos Jogos Paralímpicos”.
“Sermos partícipes de eventos dessa magnitude contribui para que ampliemos nossas relações e novas parcerias podem ser fechadas, consequentemente, as Universidades que têm professores atuantes nesses eventos passam a estabelecer um status diferenciado”, avalia a professora Layla. “Abrem-se possibilidades de trazermos cursos internacionais (como será o caso do Shuttle Time de Badminton), eventos esportivos nacionais e internacionais, e nos mantemos atualizados ao ministrar aulas na graduação e pós-graduação.” Para Mato Grosso, diz, “vejo que a Universidade, além de ser um importante canal de educação, também necessita levar à população inovação tecnológica e expansão cultural e técnica, muito bem ilustrada por esta iniciativa globalizada”. No Estado ela também se preocupa em colaborar com a elevação do nível técnico dos competidores. Para isso, realiza treinamentos com os atletas do treinador de Badminton Joami Cabeleira, ex-aluno da UFMT que “tem estimulado imensamente a prática dessa modalidade por aqui”.
O próximo passo, adianta, será a realização do Suttle Time, curso chancelado pela BWF para acadêmicos em Educação Física, que ainda não existe como disciplina na grade curricular, mas a FEF “pretende, na próxima reformulação, estabelecer uma disciplina de esportes de raquete, pois a prática desses esportes tem aumentado bastante, tanto no âmbito formal, quanto não formal”. Um curso de extensão para graduandos já foi ministrado e a UFMT conta com quatro quadras (lotadas nas quadras externas), para a prática dessa modalidade, que também recebe jogadores da comunidade em geral.
Na avaliação do professor Tomires, a participação em uma Olimpíada e uma Paralimpíada “é oportunidade única para o professor atualizar-se, entrar em contato com pessoas de diferentes estados e de outros países, o que possibilita vislumbrar a abertura de novas parcerias, bem como entrar em contato com a diversidade de técnicas da modalidade que são desenvolvidas em outras culturas”. Para ele, “são conteúdos impagáveis” e fundamentais, também, para compartilhar novos conhecimentos no âmbito da UFMT e do Estado de MT, “pois receberão em primeira mão estes conhecimentos, diretamente de quem esteve presente num evento desta envergadura”.