Os professores da rede estadual decidiram fazer greve a partir de 4ª feira, em todo o Estado. Mas, desta vez, o motivo não é a questão salarial. O manifesto é pela falta de profissionais para darem aulas em dezenas de cidades. Muitos alunos, em diversos municípios, estão sem estudar determinadas disciplinas. A greve foi decidida pelos representantes de 50 cidades da direção ampliada do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep). O governo diz estar de mãos amarradas porque a lei eleitoral proíbe contratações de servidores até dezembro. O sindicato pediu ao TRE para que fossem feitas contratações emergenciais. Mas não obteve resposta. “Recebemos por parte do presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Rui Ramos, a promessa de uma manifestação até a última sexta-feira. Como não houve nenhum tipo de resposta, não vemos outra saída”, afirmou o presidente do Sintep, Gilmar Soares Ferreira. “Vamos suspender as atividades e não retroceder enquanto a situação não for resolvida”, acrescentou.
Ele aponta que a proibição das contratações de professores fere um princípio constitucional. “É um absurdo que se negue aos cidadãos o direito à educação de qualidade em nome do direito à transparência nas eleições”, protesta. Por conta da decisão da justiça eleitoral, trabalhadores que se afastam por problemas de saúde ou pedem a saída do trabalho, por exemplo, não são substituídos. “São muitas as escolas em que os coordenadores voltaram para as salas de aula. Em outras, dispensam os alunos e essa situação é insustentável”, complementa, através da assessoria.
Levantamento extra-oficial aponta que, no Estado, estaria faltando cerca de 300 professores. Em Sinop, maior cidade do Nortão, seriam cerca de 25. No município de Canarana, faltam professores para 20 aulas semanais. “Hoje contamos com apenas um coordenador para cerca de 1350 alunos. Antes eram três. Um faleceu e outro voltou para a sala de aula”, explica o secretário adjunto de formação sindical do Sintep e coordenador, Paulo Roberto Guimarães.