Com a aprovação da Lei 1.244 que obriga a instalação de bibliotecas nas escolas, Mato Grosso terá que reforçar o investimento nesse espaço de aprendizado básico. Das 704 escolas da rede estadual, mais de 300 não possuem biblioteca. Em Cuiabá, das 97 escolas municipais, quase 30 não contam com a estrutura, e as que possuem não estão no padrão de qualidade exigido pelo Ministério da Educação (MEC).
Muitas vezes não existem livros catalogados ou locais adequados para colocar os títulos e a figura do bibliotecário é exercida por professores, ou seja, desvio de função. O governo federal deu um prazo de 10 anos para todas as escolas se adequarem à lei.
A Escola Municipal Irmã Maria Betty Pires, no bairro Novo Mato Grosso, em Cuiabá, existe há 20 anos e não possui biblioteca, somente um espaço usado como "depósito" de livros. Esse cubículo, de 3 por 3 metros, conta apenas com uma lâmpada e um ventilador. Os livros ficam amontoados, próximos a uma caixa de papelão e dificilmente cabe mais de 3 alunos lá dentro. O local era uma antiga sala de apoio, onde os estudantes recebiam reforço das aulas.
Os livros entregues pelo MEC ainda estão nas caixas porque não há local adequado para colocá-los. "Os professores só trabalham com esses livros na sala de aula", explicou a coordenadora da escola, Maria Aparecida de Almeida.
Ela lembra que existe procura pelos estudantes por livros, mas a falta de estrutura coloca apenas os títulos didáticos à disposição. Almeida destaca que o principal motivo é a falta de recursos, por isso a intenção é que uma empresa privada ou estatal faça uma parceria com a unidade para que invista na infraestrutura educacional.
"Nem sabia que tinha esse espaço", disse Paulo Vinícius Arruda, 12, que está no quinto ano. A outra estudante, Angélica Patrícia Gomes da Silva, 10, diz que gosta de ler e procura os professores, mas, apesar do interesse, tem como barreira a falta de um lugar específico. "Se tivesse mais livros seria bem melhor".
A escola Irmã Maria também necessita de mais segurança. No final do ano passado, a Secretaria Municipal de Educação (SME) repassou 12 computadores para a instituição, no entanto, poucos dias depois todos foram roubados. Como não houve uma reposição, o local que deveria ser uma sala de informática tem hoje mesas vazias e um emaranhado de fios.