A fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi a justificativa apresentada pela reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para a “sobra” de 1.642 vagas na instituição depois do fechamento da 3º etapa de matrículas no Sistema de Seleção Unificada (SiSu). Das 5.008 vagas disponibilizadas pela universidade, 3.366 foram preenchidas enquanto estava aberto o sistema. O restante será preenchido por candidatos que aguardam na lista de espera.
A quantidade de vagas ociosas após 2 semanas do início das aulas motivou o debate “Enem: solução ou mais crise na educação?” promovido pela Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat). Durante o encontro, o vice-reitor Francisco Souto, que representou a reitora Maria Lúcia Neder Cavalli, destacou que as vagas serão preenchidas ainda no primeiro semestre e lembrou que a fraude na prova nacional prejudicou a data das matrículas, que ocorreriam em 5 etapas e tiveram que ser diminuídas para 3.
Ele reconhece que o Enem apresentou outras falhas, porém não vê motivos para a UFMT abandonar o sistema de avaliação proposto pelo Ministério da Educação (MEC). Mas aceitou levar ao conhecimento da reitora Maria Lúcia Cavalli o pedido feito pela plenária, para que a UFMT volte ao modelo antigo de seleção.
Entre os problemas citados durante a discussão, o leilão de vagas foi destacado pela professora do departamento de Letras, Esther Maxime como preocupante, uma vez que muitos alunos escolheram os cursos que podiam entrar com a nota da prova e não foi aptidão. “Como professora eu não quero ver isso na minha sala”.
A docente destacou ainda a problemática da entrada tardia dos estudantes com as aulas já em andamento, questionando o número de faltas, os dias e as avaliações perdidos. “Os alunos serão chamados, mas as aulas estão rolando. O que farei com esse menino?”.
Para o professor Roberto Boa Ventura, o novo Enem não funcionou e ainda assim a reitoria não admite e se recusa a voltar atrás na decisão. “O SiSu já deu o primeiro apagão com o cancelamento do Enem em julho”.