A professora Maria Lúcia Cavalli Neder, do Instituto de Educação, tomará posse amanhã (10), no cargo de reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para o seu segundo mandato. A cerimônia será no Gabinete do ministro da Educação, Aluizio Mercadante, às 16h, horário de Brasília. A transmissão de cargo será no dia 26, às 9h, no Ginásio de Esportes, Campus de Cuiabá.
Reeleita para o período compreendido de 2012 a 2016, ela faz balanço da gestão e fala das propostas para o próximo quadriênio. Destaca as políticas de ampliação do acesso e permanência e os investimentos na estrutura física e na qualificação de recursos humanos tendo como resultados a inclusão e o crescimento da qualidade acadêmica. Propõe como princípios na nova gestão o compromisso social, a democracia, a inclusão, a interação, a formação, a autonomia e a inovação administrativa e acadêmica.
Para a nova gestão, entre as principais políticas eleitas está a participação da UFMT em projetos estratégicos para Mato Grosso, em que deverá articular-se permanentemente com outras instituições sociais e com a sociedade civil organizada com vistas à identificação dos principais problemas a serem enfrentados. No campo das políticas para o ensino, pesquisa e extensão, enseja-se "a revisão da organização acadêmica, como também a reestruturação conceitual e política de projetos pedagógicos" e "pensar a pós-graduação e a pesquisa como fundamentos no desenvolvimento cultural da região". A expansão está configurada na construção do Campus de Várzea Grande, do novo hospital universitário, no campus II, onde também será instalada a Faculdade de Medicina, e na viabilização de mais quatro campi no interior do Estado.
As políticas de formação e assistência estudantil são tomadas como uma bandeira de promoção da cidadania, devendo buscar "maior democratização do acesso e de permanência no ensino superior". Na cultura, na vivência acadêmica e nos esportes, a UFMT deverá consolidar seu papel de referência e de centro irradiador mediante ampliação das ações. Também deve-se fomentar a ampliação de ações dos museus, bibliotecas, acervos etnoculturais e da criação de espaços literários, para o teatro e a música. Nas políticas de ciência e tecnologia estão elencadas a ampliação da relação com o setor empresarial, a promoção do empreendedorismo acadêmico, entre outras, com vistas a acelerar a produção, difusão e agregação do conhecimento.
Frente à complexidade da área de saúde e à diversidade de demandas da sociedade nesse campo, e com a experiência de 30 anos de formação de técnicos e gestores voltados para a saúde pública e com a atuação em pós-graduação e pesquisa, a UFMT propõe, para os quatro anos, a criação de núcleos interdisciplinares e o fortalecimento dos já existentes para o avanço das discussões nas dimensões do ensino, pesquisa e extensão, da assistência e da gestão à saúde. Entre as ações previstas estão a implantação do curso de Medicina em Sinop (60 vagas) e em Rondonópolis (40 vagas), a criação de novos programas de residência médica, a inserção da UFMT na discussão nacional e na busca de soluções abrangentes para a questão da dependência química e a construção do novo hospital universitário, no Campus II de Cuiabá.
Na política de revalorização dos servidores docentes e técnicos administrativos estão previstas vagas para mestrado profissionalizante em Administração Pública, criação de um programa de educação continuada, ações para a melhoria da ambiência e das condições estruturais para o exercício das funções e intensificação do serviço de diagnóstico e apoio ao bem-estar com vistas à saúde física e mental.
Balanço
No balanço dos quatro anos de gestão, que se completam este mês, a reitora destaca o patamar de qualidade acadêmica conquistado, resultado da conjugação de esforços de toda a comunidade universitária. Cita os resultados obtidos no último Enade, em que o conceito geral de todos os cursos de graduação chegou a 4 e o crescimento no número de cursos e vagas de 17.571 para 21.274, em especial nos campi de Sinop e do Araguaia, que mais que duplicaram o número de vagas e de Rondonópolis, que ampliou em cerca de 50%. Declara, ainda, que "há muito a comemorar" na pós-graduação, não só pela criação de novos mestrados e doutorados, mas pelo fato de muitos cursos terem alcançado as notas 4 e 5 nas avaliações da Capes. De 21 cursos de mestrado em 2008, a UFMT passou para 33; de três doutorados passou para 11, além de seis doutorados interinstitucionais, um dos quais no Campus do Araguaia; e de três residências em saúde saltou para 13. A meta de criação de pelo menos um curso de mestrado no interior foi superada, com a abertura de dois em Rondonópolis, dois no Araguaia e três em Sinop.
Como fatores que contribuíram para a melhoria da qualidade acadêmica, cita o aumento nos números de grupos de pesquisa de 205 para 291; de ações de extensão, de 442 para 615 até o final de 2011, da assistência estudantil, que prevê recursos da ordem de R$ 15 milhões este ano, e o investimento de R$ 2 milhões na compra de livros em 2011. Também a evolução no número de bolsas de todas as modalidades foi significativa nesse contexto. Os programas especiais como o de Monitoria, de Inclusão Indígena (Proind), de Estudante Convênio da graduação (PEc-G), de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), de Educação Tutorial (PET) e de Tutoria envolveram 1072 alunos de graduação, com bolsas, em 2012. Em 2008 eram 593. Os programas voltados para estudantes de graduação envolvidos com pesquisa somaram 521, em 2012, com bolsas. Em 2008 eram 346. As bolsas de extensão eram 250 e passaram para 419. As de permanência subiram de 536 para 1250 e as de alimentação passaram de 530 para 1254, até agosto de 2012. Somam-se a essas políticas os auxílios moradia (180), vagas de moradia (de 75 para 165) e o auxílio para participação em eventos acadêmicos, que em 2011 totalizou 1680. Na pós-graduação foram concedidas 312 bolsas de mestrado em 2008 e 495 em 2012 e 12 de doutorado em 2008 e 63 este ano.
A ampliação do acesso se deu, além do o aumento do número de cursos e vagas, com a adoção, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) e com a aprovação do Programa de Ações Afirmativas destinado a estudantes negros e àqueles egressos da escola pública. Também o estímulo ao esporte e lazer se apresenta como uma política prioritária, tendo, a Coordenação de Vivência, Esporte e Lazer (CVEL), realizado 22 eventos e ações em 2012, enquanto em 2008 foram cinco. Entre eles estão os Jogos Intercursos em todos os campi, os Jogos Universitários Mato-Grossenses, Jogos Abertos Brasileiros, Copa Panamericana e campeonatos regional e nacional de basquete, cursos de capacitação em arbitragem.
Outros destaques são o volume de obras e reformas dos espaços físicos e os investimentos em laboratórios, em capacitação de professores e técnicos, em ampliação da frota de veículos e na área de informática. No período de 2008 a 2012 houve incremento significativo na ampliação e adequação de áreas físicas em todos os campi, com investimentos superiores a R$ 113 milhões e com a contratação de 63 obras, segundo dados da Pró-Reitoria do Planejamento (Proplan). Destas, cem foram em Cuiabá (campi I e II), 27 no Campus do Araguaia, 22 no Campus de Rondonópolis e 14 no Campus de Sinop. O número de professores doutores passou de 650 em 2008 para 837 em 2012; o de mestres, de 312 para 541. Mais de cem docentes estão cursando mestrado, doutorado e pós-doutorado. Mais de três mil técnicos administrativos participaram dos cursos de capacitação oferecidos pela Secretaria de Gestão de Pessoas da UFMT nos últimos quatro anos e 23 estão fazendo mestrado e doutorado em 2012. A frota de veículos passou de 105 para 162, com vistas ao atendimento das atividades administrativas e acadêmicas, com destaque para os utilitários (66), microônibus (10) e ônibus (34), que atendem à pesquisa e às aulas de campo. No campo da informática, além do suporte administrativo, a UFMT atua no campo da tecnologia da informação aplicada à educação, tendo alcançado, este ano, índice de governança em TI, superior á média nacional.
Perfil
Professora do Departamento de Teorias e Fundamentos da Educação, do Instituto de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã (1972), com mestrado em Educação pela UFMT (1992) e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). Professora associada da UFMT, trabalha na Instituição desde 1973, dedicando-se a estudos ligados à área da Educação, com ênfase nos seguintes temas: formação de professores, educação a distância, linguagem, ensino de linguagem, produção de material didático. Na área administrativa, desempenhou as funções de Pró-Reitora de Ensino de Graduação, Coordenadora de Extensão, Coordenadora do Centro de Letras e Ciências Humanas, chefe de Departamento, Coordenadora de Curso e Coordenadora do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (Nead) da UFMT. Suas principais publicações são nas áreas de ensino de linguagem, formação de professor e educação a distância. Reitora da UFMT desde outubro de 2008, vem integrando a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) nos seguintes cargos: membro do Diretório Nacional (2010-2011), como vice presidente do Centro-Oeste; membro da Comissão de Educação a Distância (2010); presidente da Comissão de Desenvolvimento Acadêmico (2010); suplente da Diretoria Executiva – (2011-2012) e suplente da Comissão Fiscal (2012/2014).