Um grupo de universitários continua acampado na reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso. Eles vão dormir pelo segundo dia consecutivo no local. Os estudantes buscam dialogar com reitora Maria Lúcia Cavali Neder sobre melhorias e algumas mudanças na assistência estudantil. Acusações contra atitudes de membros da pró-reitoria consideradas por eles como ofensivas e antidemocráticas e também contra Polícia Militar continuam sendo feitas.
Vários estudantes afirmaram que após o conflito com homens da Rondas Ostensivas Tática Móvel, os moradores das cinco Casas de Estudantes Universitários (CEUs) no bairro Boa Esperança, estão sendo intimidados por viaturas da Rotam que têm rondado as imediações e saem “cantando pneus” durante a madrugada. “Amigos, informo a todos que meu bairro esta muito bem policiado, acabei de ver uma viatura da Rotam cantando pneu na frente da minha casa!”, postou em sua página de relacionamento o líder estudantil Caiubi Kuhn que é geólogo e mestrando em Geociências .
Ele foi um dos seis alunos presos e agredidos por PMs da Rotam na quarta-feira (6). Ele sofreu cerca de 20 ferimentos no peito provocados por balas de borracha disparadas à queima-roupa. Agora, acreditam que os policiais estão tentando intimidar os universitários até porque a truculência policial ganhou repercussão nacional e a causa dos estudantes foi defendida por vereadores, deputados estaduais e até senador Pedro Taques que usou a tribuna do Senado para cobrar do governador Silval Barbosa providências contra os policiais envolvidos nas agressões.
Dois PMs da Rotam, cujos nomes não foram divulgados, foram afastados das ruas e o capitão que coordenou a operação desastrosa foi exonerado do posto de chefe da Base da Polícia Militar do bairro Boa Esperança.
Quanto as negociações, nada avançou. A coordenadora do Diretório Central Estudantil (DCE) Raysa Morais, 22 anos, estudante de Engenharia Florestal, conta que a reitora Maria Lúcia sequer foi vista na UFMT hoje. Ela disse ainda que os pró-reitores de Assistência Estudantil, Cultura, Extensão e Vivência e também de Pesquisa até foram à universidade e disseram que negociariam com os estudantes, porém, que seria preciso que criassem uma comissão para discutir as reivindicações que constam na pauta estudantil. Isso porque os pró-reitores não conversariam com todos os alunos, um grupo de cerca de 40 universitários que se encontravam na reitoria durante a tarde.
Contudo, segundo Raysa, enquanto a comissão de estudantes era formada, os membros das pró-reitorias foram embora sem dialogar com os estudantes. “Vamos continuar acampados aqui até sermos ouvidos. A reitoria já virou praticamente nossa casa, estamos dormindo e fazendo nossas refeições todas aqui”, enfatiza a líder estudantil, lembrando que os alunos tem se revezado para que sempre fique um grupo no prédio. “Alguns estão aqui de forma fixa, outros precisam sair pra trabalhar, fazer provas, mas não sairemos até conseguirmos que todas as pautas que englobam a assistência estudantil sejam atendidas”.
Entre as reivindicações estão a luta pela não redução de vagas nas casas de estudantes, medida tomada pela reitora Maria Lúcia sem comunicar os alunos beneficiários do auxilio moradia que temem ficar sem ter onde morar. Outro pedido é pela não privatização do Restaurante Universitário. “A reitora já iniciou discussões para repassar a gestão do RU para uma empresa privada e não vamos aceitar, porque uma empresa particular não vai subsidiar as refeições a R$ 1 como faz a UFMT. Queremos o RU sendo gerido pela universidade como é atualmente”, justifica a universitária.
Outro lado: A UFMT garantiu em nota que “uma comissão composta por cinco representantes da Administração Superior da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e uma comissão formada por representantes do movimento estudantil deverão se reunir segunda-feira (11), às 8h, para negociação”.
outro trecho da nota: “hoje, logo pela amanhã, às 8h, a comissão da UFMT, integrada pela pró-reitora Myrian Serra; pelos pró-reitores de Cultura, Extensão e Vivência, Fabrício Carvalho, e de Pesquisa, Joanis Tilemahos e pelo prefeito do campus, Paulino Simão de Barros, e o procurador-chefe da Procuradoria Federal junto à UFMT, Osvalmir Pinto Mendes, esteve com os alunos com o objetivo de abrir o diálogo. Foi marcado um encontro para às 15h. Às 17h a comissão da UFMT deixou o local e, após isso, a pró-reitora foi informada por telefone, da formação da comissão estudantil. Ficou, então, marcada a reunião para segunda-feira”.