Com cerca de quatro mil haitianos fixados em Mato Grosso e uma demanda crescente na educação pública, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) instituiu uma comissão para realizar diagnóstico e elaborar uma proposta pedagógica para o atendimento desse público na rede estadual de ensino. Do total estimado no Estado, pelo menos 2,5 mil vivem em Cuiabá e Várzea Grande e buscam ingressar no ensino público. Diante desta situação, a comissão terá 90 dias para apresentar e institucionalizar a oferta da educação básica respaldada no conceito de Educação Migratória.
De acordo com informações da assessoria da pasta, além da busca do ensino, os haitianos também querem legalizar o conhecimento adquirido no país de origem. Embora o levantamento possa contribuir para o “raio x” da demanda deste público no Estado, eles já veem sendo atendidos pela Seduc.
Este ano, o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Almira de Amorim, localizado no bairro CPA, atende aproximadamente 100 haitianos. “Mas o número de atendidos é maior, porque muitos estão estudando em salas com os brasileiros, fortalecendo a integração. A Seduc tem desenvolvido ações contínuas em favor do aprendizado do nosso povo”, revelou Duckson Jacques, da Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos.
“O fluxo de haitianos aumentou e avaliamos que é preciso pensar em uma proposta que sirva de diretriz para as escolas. Pensar na amplitude disso, uma vez que será necessário intérpretes para esses estrangeiros nas fases iniciais do estudo. Depois, conforme vão aprendendo, darão conta sozinhos”, explicou Itamar José Bressan, coordenador dos trabalhos e titular da comissão instituída pela Seduc. Ele também defende uma política permanente de imigrantes que contemple as necessidades dessas pessoas.
Além da questão do intérprete que será avaliada pela comissão, está o aumento da carga horária da Língua Portuguesa. O estudo ainda deverá apresentar medidas que visem o reconhecimento de cada um deles para que sejam incluídos no sistema de ensino de Mato Grosso. Atualmente, independente do que aprenderam em suas origens, iniciam o processo nas primeiras séries.
A comissão é formada por profissionais de diversas áreas da educação: Diversidade, Desenvolvimento Escolar, Gestão Escolar, Superintendência de Formação, Educação Básica, Ensino Básico, Fórum de Educação de Jovens e Adultos, do Ceja, Instituto de Mulheres Negaras de Mato Grosso, Conselho Estadual de Educação, Pastoral do Imigrante e Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos.