Drogas que aumentem a inteligência de pessoas saudáveis devem se tornar comuns em duas décadas.
Esse cenário foi apresentado pela agência de pesquisas Foresight, que estuda o cérebro e publicou um relatório independente elaborado por 50 especialistas nesta quarta-feira em Londres.
Segundo o relatório da Foresight, os medicamentos, conhecidos como “fortificantes cognitivos” podem se transformar em algo tão “comum quanto café”.
Cientistas não descartam a hipótese de crianças e jovens, que estão prestes a fazer provas importantes, terem que fazer antidoping antes de fazer exames para detectar presença de drogas que melhore o desempenho.
Hiperatividade
Alguns medicamentos já são usados atualmente para ajudar a melhorar a performance mental.
A ritalina, por exemplo, que já é receitada para crianças que têm déficit de atenção e hiperatividade, já foi usada por alguns estudantes para melhorar sua performance em provas.
O modafinil, usado atualmente para tratamento de distúrbios do sono como a narcolepsia, mostrou-se eficaz para ajudar pessoas a se lembrarem de números e ajudou em outros casos em que era preciso tomar decisões mais cuidadosamente.
O relatório da Foresight afirma que: “Em um mundo onde a competitividade vem aumentando, o uso individual de tais substâncias pode deixar de ser exceção e se transformar na regra, com fortificantes cognitivos usados como o café atualmente”.
Um dos autores do relatório, Trevor Robbins, professor do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, lembrou que “ninguém se importa com o fato das pessoas tomarem vitaminas para se sentirem melhor”.
“Mas tomar substâncias, naturais ou artificiais, em provas, pode gerar problemas éticos, parecidos com o que temos nos esportes hoje”, afirmou.
Para Gerry Stimson, especialista em sociologia comportamental no Imperial College de Londres, que também ajudou na elaboração do relatório pergunta se a popularização destes medicamentos vai “colocar as pessoas em uma vantagem justa ou injusta”.
“É permitido tomar estes medicamentos por motivos terapêuticos, mas precisaríamos de um sistema para regulamentar o uso destas drogas por pessoas que têm boa saúde”, disse.