O secretário de Estado de Saúde, Augustinho Moro, esteve neste final de semana nos municípios de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis para implantar serviços de assistência hospitalar no apoio ao tratamento e diagnóstico da hantavirose. No município de Tangará da Serra foi implantado o serviço de diálise peritonial. Já no município de Campo Novo do Parecis foi implantado mais um leito de estabilização e realizadas reuniões com a sociedade e o setor produtivo.
“A região está com assistência satisfatória no atendimento hospitalar. O município de Tangará da Serra é referência no atendimento uma vez que possui 8 leitos de UTI à disposição dos pacientes e, agora, o serviço de diálise peritonial. Já em Campo Novo do Parecis, com a implantação deste leito de estabilização, somam dois, além de possuir uma UTI móvel. Já estamos estudando a possibilidade de ofertar ao município mais uma UTI móvel”, disse Augustinho Moro.
O secretário Augustinho Moro, na visita ao município de Campo Novo do Parecis elogiou as medidas tomadas pela prefeitura no esclarecimento e no enfrentamento da hantavirose. “Na área da prevenção o município adotou uma medida muito importante. Qualquer paciente que chega à unidade hospitalar com sintomas parecidos com os da hantavirose já é feito um hemograma e um Raio X. Este protocolo adotado demonstra atenção que o município tem com a população. Uma outra iniciativa da prefeitura foi a edição da Lei que dispõe sobre o macrozoneamento de Uso e Ocupação do Solo do município quanto ao plantio”, disse.
A Lei determina que não pode existir plantio de grãos e cana de açúcar num raio de 40 metros a partir de qualquer residência, armazém ou estabelecimento rural, ou urbano. Nesta área só pode ser plantada vegetação tipo grama rasteira. Para proteção da área urbana fica proibida, na faixa compreendida entre 40 metros e 2 mil metros, do limite da última rua do loteamento aprovado, deixar o solo desnudo durante os meses críticos da seca.
“Esta Lei complementar é uma medida de proteção do meio-ambiente e, ao mesmo tempo, passa a impedir a entrada do rato nas residências e nos armazéns. Já sugerimos que a medida fosse adotada também nos outros municípios da região do Médio Norte o que foi aceita pelos gestores. O Ministério da Saúde levou esta medida como exemplar aos outros Estados da Federação onde ocorre a presença dos roedores e principalmente aos municípios de grande produção agrícola”, explicou o secretário.
No município de Campo Novo do Parecis a Secretaria de Estado de Saúde realizou duas importantes reuniões. A primeira, no período da manhã, com o segmento da Educação e alunos, onde participaram cerca de 400 pessoas. No período da tarde houve a reunião com o segmento produtivo, classe política, prestadores de serviços do setor agrícola, representantes das Secretarias municipais de Saúde da região e técnicos. Na reunião foi analisado e feito o levantamento dos casos da hantavirose da região e discutida a adoção de medidas de prevenção e informação.
A Secretaria de Estado de Saúde levou o representante do Ministério da Saúde, sanitarista e responsável pela área técnica das antropozoonoses, dentre elas a hantavirose, Mauro Rosa Elkhovey, que prestou todos os esclarecimentos necessários sobre a hantavirose na questão da transmissão, das medidas fundamentais de prevenção, do controle da doença, diagnóstico e forma de tratamento.
Mauro Rosa explicou que outros Estados da Federação como Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Goiás enfrentam o mesmo problema com registros da doença superiores aos de Mato Grosso. O Ministério da Saúde, junto com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) resolveu, em agosto de 2005, implantar o projeto de pesquisa Dinâmica Populacional de Roedores Silvestres e Grau de Infecção por Hantavirose na microrregião do Médio Norte do Estado de Mato Grosso devido as peculiaridades da região onde a presença do roedor ocorre o ano todo e, também, a sensibilidade e a cooperatividade dos municípios em querer esclarecer a situação e conhecer mais sobre a hantavirose.
O município de Campo Novo do Parecis foi escolhido município sede da pesquisa primeiro por ter se colocado à disposição do Estado e do Ministério da Saúde e, segundo, por ser um município propício para a execução dos trabalhos da pesquisa na sua infra-estrutura.
Augustinho Moro informou que na área da assistência ao paciente já viabilizou junto ao Ministério da Saúde (MS) a possibilidade de referenciar serviço de apoio ao diagnóstico laboratorial, o que permitirá que os exames sejam feitos diretamente no Estado. Hoje o Ministério da Saúde só possui três laboratórios de referência para os exames: Evandro Chagas, no Pará, para onde são enviados os materiais de coleta da Ses, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o Adolfo Lutz, em São Paulo.
O prefeito de Campo Novo do Parecis, Sérgio Stefanelo, defendeu a tese de que a prevenção é o único remédio para a hantavirose. Ele explicou que a divulgação dos casos registrados no município criou um alerta na população com o efeito positivo para chamar a atenção da evolução da doença o que proporcionou o envolvimento da população onde, em um só dia, conversamos com cerca de 700 pessoas dos mais variados segmentos da sociedade, para juntos podermos traçar nossas estratégias com acompanhamento da Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde.
”Em agosto de 2005 transformamos Campo Novo do Parecis em município sede da pesquisa, que é uma iniciativa inédita no Brasil, sobre a hantavirose. O resultado da pesquisa servirá para nortear a política nacional do Ministério da Saúde no enfrentamento da doença. Campo Novo do Parecis não está de braços cruzados. Tomamos várias iniciativas exemplares e que já estão servindo de referência aos outros municípios, como a edição de nossa Lei Complementar, de número 006/2003, de 30 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a ocupação do solo, além da mobilização da população no sentido de passar todas a s informações corretas sobre a real situação da hantavirose, os meios de prevenção e os cuidados necessários para evitar a doença, além da entrega de material informativo, cartilhas e boletins”, disse o prefeito.
Acompanharam o secretário Augustinho Moro, em sua visita aos municípios, os secretários municipais de Saúde de Tangará da Serra, Antonio Carlos Barbosa, de Campo Novo do Parecis, Renato Cerqueira, a superintendente de Vigilância em Saúde, Silvana Kruger, o técnico especialista em hantavirose de Mato Grosso, Aparecido Albuquerque, o diretor do Escritório Regional de Saúde, de Tangará da Serra, Paulo Roberto Araújo, o presidente da Famato, Normando Curral, representantes da Aprosoja, da Empaer, do Indea, do Sindicato dos produtores rurais, técnicos de saúde dos municípios de Barra do Bugres, Nova Olímpia, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Sapezal.