O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM), Aguiar Farina, informou que 80% das sindicâncias realizadas pela entidade para apurar casos de erros médicos são arquivadas por falta de provas. A maioria das denúncias é contra ginecologistas e obstetras, com mais de 45 anos. Os dados foram apresentados durante o II Encontro com a Ética, promovido pela cooperativa Unimed Cuiabá.
Farina apresentou estratégias de prevenção do erro médico, principalmente, os que surgem na relação entre médico e paciente. “O médico deve explicar o diagnóstico com clareza, orientar os riscos da patologia e do tratamento, permitir questionamentos do paciente e não prometer o impossível” – afirmou. Farina participou da mesa redonda que tratou do assunto, ao lado de outros médicos especialistas.
O médico José Alberto Alves sugeriu que o erro médico seja encarado de um modo diferente. “Hoje o erro é visto de forma punitiva e marginalizada, o que dificulta uma abordagem positiva”, disse. Alves afirmou que o erro médico é uma realidade que não pode ser escondido e sim encarado como falta de cuidado, de atenção ou de conhecimento. “Muitas vezes o aluno acha que é infalível. Durante a formação não se discute o erro ou então não se discute de forma construtiva”, afirmou.
O presidente O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eduardo De Lamônica Freire, falou do ensino da ética nas faculdades de medicina do Brasil. “Ética médica deveria ser ensinada desde as disciplinas básicas e pré-clinicas. Segundo dados levados pelo professor, a maioria das faculdades de medicina aborda a ética no 4º ano do curso. A UFMT aplica a disciplina no 3º ano e destina apenas 36 das mais de 9 mil horas de aula, para o ensino da matéria.
“A ética deveria ser ministrada verticalmente, durante todos os anos de faculdade, por um corpo docente específico”. O professor acrescentou a importância de realização de congressos e seminários sobre o tema, a atuação conjunta do CRM e comissões de ética, e a inclusão da ética nos compêndios de medicina.
O jornalista Severo Crudo explicou que muitas vezes a má notícia vale mais, dá mais repercussão, por isso os veículos exploram o erro médico. Entretanto, no caso de injustiça a legislação prevê direito de resposta no mesmo veículo e do mesmo tamanho da matéria publicada. “Hoje em dia as assessoria de imprensa também têm o papel de intermediar a relação entre os veículos e as entidades de saúde, o que garante mais espaço para a discussão na imprensa” – destacou.
Segundo o diretor da Unimed Cuiabá, Márcio Canavarros, discutir ética é sempre importante e atual. “A ética é a ciência da moral e vale para todos os sentidos da vida”, ressaltou. O presidente da comissão de ética da Unimed Cuiabá, José Pinheiro Filho, explicou as atribuições da CEM e afirmou que a intenção da cooperativa é investir em educação continuada.