Nos sete primeiros meses deste ano, o Brasil registrou 438.949 casos de dengue, o que representa aumento de 45,13% em relação ao mesmo período de 2006, quando 302.461 pessoas tiveram a doença. Os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, em números absolutos, concentram mais de 85% do aumento do número de casos registrados (136.488).
Um amplo estudo encomendado pelo Ministério da Saúde sobre campanhas publicitárias de dengue revela que, em 96% dos entrevistados a amostra nacional, o entrevistado recordava-se das campanhas, quando era estimulado. “Neste ano, o Ministério da Saúde fará uma campanha descentralizada, com importantes parceiros, como o Banco do Brasil, Caixa e Aneel, que nos ajudará a levar informações em mensagens dos bancos e constas de consumo”, afirmou Gerson Penna, secretário de Vigilância em Saúde.
As informações da pesquisa reforçam o desafio que é transformar o conhecimento confirmado da população em ações concretas de mudanças de prática, ressalta Gerson Penna. Apesar da intensa veiculação de peças na mídia em períodos específicos, ainda é baixa a adoção de medidas individuais para a eliminação dos criadouros potenciais do Aedes aegypti. Cerca de 80% desses criadouros estão localizados no ambiente domiciliar, como os pratos dos vasos de plantas, tonéis, tambores, caixas d”água, lajes descobertas, pneus, etc.
Em um recorte para as cidades de Campo Grande (MS), Belo Horizonte e Contagem (MG), onde houve a intensificação das campanhas publicitárias, subiu para 22% o percentual médio de pessoas que, espontaneamente, disseram lembrar de campanhas sobre dengue, enquanto na amostra nacional foi de 17%. Das campanhas do Ministério da Saúde, apenas aquelas relacionadas com os dias nacionais de vacinação alcançam valores semelhantes, maior inclusive, do que as campanhas de prevenção da AIDS.
Os dados servirão de base para que o Ministério da Saúde possa rediscutir a estratégia de publicidade e aprimorar a comunicação com a população, envolvendo, para isso, o Comitê Nacional de Mobilização Contra a Dengue, que tem um papel fundamental nesse processo.
Com a revisão da estratégia de publicidade, e outras medidas que estão em curso, o Ministério da Saúde espera reduzir significativamente o número de óbitos por dengue no país, assim como evitar a ocorrência de grandes magnitudes, o que contribuirá para a redução do número de casos de dengue no país. Mato Grosso foi o estado com maior número de casos, com 72.183, ou 16,4% do total de notificações do país.
A dengue ocorre principalmente entre os meses de janeiro e maio, pelas condições climáticas favoráveis ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, nessa época do ano. Desde 1986, quando a doença foi introduzida no país, em todos os anos há registro de casos, com a ocorrência de picos epidêmicos durante esse período, relacionados com a chegada de um novo subtipo do vírus da dengue.
Para evitar surtos no próximo verão, o Ministério da Saúde, em parceria de estados e municípios, está promovendo ações de prevenção à doença nos meses de outubro e novembro, período que antecede o verão.
Uma dessas ações será o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) em 170 municípios mais suscetíveis ao surgimento de surtos da doença. O LIRAa identifica onde a presença do mosquito transmissor é maior. Com essas informações, as prefeituras podem adotar medidas capazes de reduzir esses focos antes do período mais crítico. Permite também a preparação adequada de cada município para que, no próximo verão, não ocorra uma epidemia.
A mobilização nacional contra a doença está agendada para o dia 24 de novembro, com o chamado Dia D de combate à dengue, quando todo país será chamado a trabalhar para eliminar focos do mosquito transmissor da doença.
Para contribuir para a redução do número de óbitos, além do material já disponibilizado para os profissionais de saúde, o Ministério da Saúde disponibilizará, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, um CD para todos os médicos do país, abordando os principais pontos para uma atenção adequada aos pacientes com dengue.
Um dado curioso apresentado na mostra nacional do levantamento é a de que 55% dos entrevistados acham que se o vizinho não tomar as precauções necessárias para evitar dengue, as medidas que ele mesmo adotar não adiantarão. Em Contagem, esse percentual sobe para 63%.
A pesquisa quantitativa sobre as campanhas publicitárias de dengue foi feita por telefone, no período de junho de 2006 a julho de 2007. O estudo considerou cotas de sexo, idade e escolaridade elaboradas a partir da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do ano de 2004.
Os dados são apresentados por duas amostras: uma nacional (2,1 mil entrevistas) e um recorte chamado de “área piloto”, com 900 entrevistas colhidas nas cidades de Belo Horizonte, Contagem e Campo Grande.
Quanto ao grau de percepção quanto à informação de como se pega dengue, na amostra nacional 82% responderam que se sentem informados ou muito informados sobre a dengue. Nas cidades da área piloto o percentual chegou à média de 91%. Os que se sentem pouco ou nada informados correspondem a 17% dos entrevistados. Na área piloto, o percentual médio foi de 9%. Contagem obteve o pior resultado, com 14%.
Entre os que se declararam melhor informados sobre a dengue são que os que tiveram parentes próximos com dengue – 94% da amostra piloto e 84% da nacional – e os com maior escolaridade. Mais de 62% dos entrevistados da amostra nacional reconhecem na febre o principal sintoma da doença, seguida das dores no corpo (61%) e do vômito (29%). De acordo com a pesquisa, para 78% das pessoas é necessário evitar água parada como forma de prevenção da doença. Em 64% das respostas a solução é esvaziar depósitos de água parada como garrafas, pneus e vasos.