O estado de Mato Grosso tem cinco municípios que não dispõe de ao menos um médico para atender os moradores. Segundo o Ministério da Saúde, as cidades de Bom Jesus do Araguaia, Curvelândia, Glória do Oeste, Santo Afonso e Nova Marilândia não possuem médicos, assim como mais 450 municípios do Brasil.
O problema é mais acentuado em regiões distantes dos maiores centros urbanos, como no Nordeste, que lidera a lista de cidades sem médicos, com 117, 25,7% do total do país. No Sudeste são 111, a maioria cidades pequenas, como Suzanópolis e Sagres, em São Paulo.
Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério da Saúde em Ouro Preto (MG), durante um encontro da Global Health Workforce Alliance –órgão da OMS (Organização Mundial da Saúde) cuja bandeira é a maior presença de médicos onde há carência deles.
O levantamento foi feito com base em dados de outubro de entidades como o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e a Universidade Federal de Minas Gerais.
Eles revelam ainda que hospitais sofrem para contratar especialistas. No Nordeste, 42,3% dos hospitais consultados disseram ter muitas dificuldades para contratar pediatras. Foram consultados 420 hospitais.
Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o problema ocorre por motivos como a insegurança profissional. “Há uma tendência não só de que a tecnologia hospitalar mais complexa se concentre em determinadas regiões, mas que os médicos acompanhem essa concentração de riqueza.”
Outra causa é o perfil do estudante de medicina, que geralmente vem de grandes centros e tem bom poder aquisitivo.
No relatório de 2006 da OMS, o Brasil aparece com taxa de 1,15 profissionais de saúde por mil habitantes –um pouco acima do mínimo preconizado pela entidade: 1. Alguns Estados ficaram abaixo desse mínimo, como o Acre, com 0,8.
O ministro aponta diversas ações feitas hoje para minimizar esse problema, como o PSF (Programa Saúde da Família), criado em 1993 e que hoje conta com mais de 28 mil equipes.
A inserção em locais de conflito, como favelas, e o isolamento a que o médico se submete em locais distantes também são apontados como desafios pelo ministério