A reunião realizada ontem, no auditório da Secretaria de Saúde, entre representantes do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis, seus atuais administradores e o secretário de Saúde do município, Valdecir Feltrin, transcorreu em clima tenso e girou em torno do parecer da Secretaria de Saúde, de que o município só aceitará fazer investimentos no hospital caso os cargos de coordenação sejam ocupados por agentes do poder municipal. A reunião foi marcada por uma convocação do próprio secretário, com o objetivo de propor uma solução para o problema da falta de infraestrutura da saúde em Rondonópolis, conforme os planos da Prefeitura.
Segundo Feltrin, desde o início da atual administração, a prefeitura vem pensando em estratégias para sanar a falta de atendimento e vagas de cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já tendo estudado a possibilidade de construção de um hospital municipal para Rondonópolis, mas comunicou que a decisão foi a de aproveitar os recursos já existentes, tanto na Santa Casa como em outros pólos de saúde do município e da região, maximizando sua capacidade de atuação com a injeção de novos investimentos.
Entretanto, de acordo com o secretário, as decisões de gestão operacional e financeira do hospital, neste caso da Santa Casa, deverão passar a ser gerenciadas pelo município. “Nosso caminho já está decidido e não vamos voltar atrás a não ser que seja por força judicial. Sendo assim, nós vamos investir na Santa Casa com uma condição: a administração será nossa”, avisou o secretário.
Para Valdecir Feltrin, com os novos investimentos, a Santa Casa poderá ter seu espaço operacional ampliado e assim expandir seu trabalho, contribuindo para suprir ainda mais a demanda da cidade e possibilitando um melhor atendimento aos usuários do SUS, opinião que todos os presentes concordaram.
No entanto, quanto à necessidade de mudança da atual gestão, não houve consenso. O secretário chegou a parabenizar o trabalho desenvolvido na maternidade da Santa Casa, elevando o atendimento feito pelo hospital a um dos melhores do estado e, em muitos momentos, disse entender as carências do corpo clínico, mas se manteve firme com a condição de mudança da gestão.
Quando questionado sobre o porquê desta decisão, o secretário respondeu que muitas coisas precisam ser mudadas e que a gerência de verbas públicas deve ser feita pelo município que deverá implementar um novo modelo trabalho.
Para os médicos, a proposta foi considerada uma imposição, sendo que a prefeitura sempre foi parceira da Santa Casa, não sendo compreensível esta atitude. Para o corpo clínico presente, a atual gestão já enfrentou muitas dificuldades e sempre trabalhou conforme sua estrutura, contribuindo para a saúde pública de Rondonópolis, juntamente com outras entidades filantrópicas e municipais e não entende, porque agora, por causa da mudança do gestor municipal, a Santa Casa venha ser o problema.
A pedido da direção da Santa Casa, uma nova reunião foi agendada para a próxima amanhã, às 19 horas, na sede do hospital, para que o secretário apresente o projeto por escrito, com as mudanças em infraestrutura e na gestão do hospital, mencionadas durante a reunião, através de contrato de prestação de serviços com o SUS (contratualização). Para esta reunião, também foi convocado a presença do Conselho Municipal de Saúde.