A Prefeitura de Cuiabá e o Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso (Sinodonto) retomaram as negociações para tentar dar um fim à greve. O diálogo aconteceu após a Secretaria Municipal de Saúde ter ficado à frente das discussões. Na gestão Wilson Santos, as reuniões se limitavam à pasta de Planejamento e ao próprio prefeito.
Na reunião de ontem à tarde, um primeiro embate foi resolvido: a demissão dos 55 dentistas contratados. O secretário Maurélio Ribeiro afirmou que as demissões aconteceram por causa de uma exigência do Ministério Público Estadual (MPE), para que a situação destes servidores fosse regularizada. Ribeiro disse que o lotacionograma (gráfico organizacional) passará por uma revisão dos técnicos da SMS.
Em contraposição a dispensa, a Prefeitura de Cuiabá irá promover até o final de 2010 um concurso público para contemplar 20% dos contratados existentes na rede de Saúde. A previsão para a data do certame, no entanto, não foi definida.
O presidente do Sinodonto, Gustavo Moreira de Oliveira, não se pronunciou até o fechamento desta edição porque, após a reunião com o secretário Maurélio Ribeiro, os cirurgiões dentistas fizeram uma assembleia para definir o rumo da greve.
Efeito – Enquanto a paralisação não termina, as clínicas odontológicas públicas de Cuiabá continuam vazias. "Se o setor de urgência e emergência está funcionando 100% fica difícil a população se manifestar. Porque eles vêm aqui e o dentista tira a dor. Um tratamento, muitas vezes, não é urgente. Por isso, o paciente prefere esperar em casa. Tem o número da Ouvidoria de Cuiabá, mas eles não telefonam", disse um gerente de uma policlínica que não quis se identificar.
Os cirurgiões dentistas reivindicam, além do concurso público, um salário-base de R$ 1,6 mil, Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV), 20 horas semanais de trabalho e melhores condições na infraestrutura das clínicas. Os cirurgiões estimam que nesses 100 dias de greve deixaram de realizar 140 mil procedimentos nos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).