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Mais de 20% dos casos de tuberculose não têm diagnóstico em MT

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Vinte e três por cento dos casos de tuberculose em Mato Grosso não são diagnosticados e o Ministério da Saúde preconiza, no máximo, 20% de não detecção da doença. A taxa de abandono do tratamento no Estado é de 8%, enquanto o recomendado é 5%. No ano passado, foram registrados 944 novos casos da doença em pacientes mato-grossenses.

Em Cuiabá, a situação não é diferente e a taxa de abandono chega a 8,2%. Em 2009, 381 pacientes iniciaram tratamento na Capital e 74% concluíram.

Apesar das estatísticas de 2009 serem fechadas pelas secretarias de Saúde em abril, a pneumologista Ayrdes Pivetta afirma que esses números traduzem a atual realidade. De acordo com a médica, Mato Grosso possui um índice de incidência de tuberculose de aproximadamente 39 casos a cada 100 mil habitantes, o que representa 1.170 pessoas infectadas em um universo de 3 milhões de mato-grossenses. "Se detectamos 944 casos em 2009, quer dizer que pessoas ficaram sem diagnóstico e precisamos focar mais nessas ações".

Professora mestre do departamento de clínica médica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ayrdes aponta que, além do diagnóstico, outra grande preocupação do Estado é o abandono do tratamento. Segundo a professora, as taxas de abandono continuam superiores ao esperado porque o período de medicação é longo e depende do comprometimento do paciente. Mesmo sendo necessários 6 meses de medicação, os sintomas são aliviados logo no primeiro mês, dando a falsa sensação de que a pessoa está curada.

"Tentamos ao máximo impedir esse abandono, pois se o tratamento não for seguido à risca, a doença volta ainda mais resistente, necessitando de medicação mais forte".

Para Ayrdes, a situação é ainda mais preocupante porque uma pessoa infectada que não esteja fazendo tratamento pode passar a doença para mais 12 no período de um ano. "A tuberculose é infecciosa e contagiosa por meio do ar. Pessoas em contato frequente com o doente têm grandes chances que pegar a doença".

Devido a essa facilidade de alastramento, a pneumologista explica que, quando um caso é descoberto, todos os familiares e amigos próximos também são investigados.

Na tentativa de evitar a desistência, o surgimento de bacilos resistentes e possibilitar um efetivo controle da tuberculose, desde 1999 o Ministério da Saúde recomenda a implantação da Estratégia do Tratamento Supervisionado (DOTS). Essa ação consiste em medicar o paciente pessoalmente, ou seja, ou ele se dirige até à Unidade de Saúde onde consegue o tratamento ou os agentes de saúde vão até a casa dele para medicá-lo. "Assim é possível saber corretamente se a pessoa está levando a sério o tratamento".

Novidade – Para otimizar ainda mais o combate à doença e alcançar as metas da Organização Mundial da Saúde, a SES divulgou uma nova abordagem do tratamento. Trata-se da Dose Fixa Combinada (DFC) que tem como objetivo aumentar a eficácia e facilitar a ingestão do medicamento, reduzindo o abandono. "São 4 medicamentos – um a mais do que o tratamento anterior – em apenas um comprimido. Isso reduz a quantidade de comprimidos a serem tomados por dia".

A secretaria também enviou técnicos em tuberculose para várias cidades do interior do Estado para oferecer mais cursos de capacitação aos agentes de saúde municipais e atender com qualidade e eficiência os pacientes com suspeita ou diagnóstico da doença.

Brasil – Conforme informações do MS, do total de casos de tuberculose do mundo, 22 países são responsáveis por 80% das notificações e o Brasil ocupa o 15º lugar desse ranking. O ministério também calcula que 85 mil casos novos de tuberculose e 6 mil óbitos em decorrência da doença são notificados anualmente no país. Seguindo as metas internacionais estabelecidas pela OMS, o governo brasileiro trabalha para descobrir, pelo menos, 70% dos casos de tuberculose estimados e curá-los em 85%.

Saiba mais – A tuberculose é causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) transmitida diretamente que afeta principalmente os pulmões, mas pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges. Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com Aids, diabetes, insuficiência renal crônica, desnutridas, idosos doentes, alcoólatras, dependentes químicos e fumantes têm mais chances de contrair a tuberculose.

De acordo com a pneumologista Ayrdes Pivetta, a tosse por mais de 3 semanas é um dos sintomas dessa doença e, por isso, pessoas com esse quadro devem procurar uma unidade de saúde para confirmar ou descartar a suspeita. Em estágio mais avançado, a doença se manifesta com febre moderada no final da tarde e início da noite, diminuição do apetite, emagrecimento, fraqueza e sudorese noturna.

Para prevenir, o MS informa que é necessário imunizar as crianças de até 4 anos com a vacina BCG. Também é aconselhado evitar aglomerações e não utilizar objetos de pessoas contaminadas. Aos primeiros sintomas, o doente deve procurar o quanto antes uma unidade de saúde. Se a suspeita for confirmada, ele será encaminhado para o programa de tratamento da tuberculose.

Em Cuiabá, existem 94 unidades de saúde aptas a atender pacientes nessa situação.

Dia D – Vinte e quatro de março é o Dia Mundial da Luta Contra a Tuberculose. Para conscientizar a população dos riscos da doença e da necessidade do diagnóstico e tratamento, a Secretaria Municipal de Saúde estará na Praça Alencastro, durante todo o dia, realizando uma campanha de educação em saúde, com distribuição de panfletos, apresentações culturais e projeção de filmes sobre a doença. Todos poderão participar do evento das 8h às 17h.

A partir de segunda-feira (22), várias escolas de Cuiabá vão receber profissionais do Programa Saúde da Família para discutir com os alunos assuntos referentes à tuberculose. Enquanto isso, agentes de saúde percorrerão grande parte da Capital informando as famílias e colhendo material para o exame do escarro, se houver necessidade.

 

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