A rede de hospitais que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) está sem receber todos os repasses há 2 meses. A dívida, que atinge cerca de R$ 4,8 milhões, tem inviabilizado a manutenção de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulta e pediátrica. Ao todo, 4 unidades aguardam a regularização do pagamento, que é feita pelo Estado e passa pelos cofres da prefeitura.
De acordo com o município, estão em dia apenas os pagamentos feitos diretamente pelo Ministério da Saúde. Há aproximadamente 1 ano, também por conta dos atrasos, as unidades ameaçaram fechar as portas.
Ao todo, o Hospital Geral Universitário (HGU), a Santa Casa de Misericórdia, o Hospital Santa Helena e o Hospital do Câncer respondem por 90 dos 130 leitos existentes na capital, número considerado insuficiente para atender a população. Persistindo os atrasos, a atuação destas unidades poderá ser reduzida, o que agravará ainda mais o problema. O atraso refere-se à parte que deveria ser paga no mês de agosto, pouco mais de R$ 1,8 milhão, e a parcela de R$ 2,9 milhões relativa a setembro.
O secretário de Saúde do município, Kamil Fares, confirma que os repasses da Secretaria de Estado de Saúde (SES) passam por Cuiabá, mas que o valor cobrado pelos hospitais não foi depositado na conta da prefeitura. "Os nossos pagamentos estão em dia, assim como os do Ministério da Saúde, que também faz um aporte. Apenas a parte que cabe ao Estado está atrasada. Neste caso, somos meros intermediários da verba".
Fares destaca que por conta do aumento no número de atendimentos registrado em todas as unidades, não há como o município repassar os valores às unidades para depois receber da SES. "Fazemos tudo o que é possível, mas isso não é. Temos nossas obrigações a serem cumpridas e um custo altíssimo, então, aguardamos o cumprimento daquilo que está acertado".
O secretário reconhece que há uma falta crônica de leitos de UTI e que um eventual fechamento das unidades, por conta da impossibilidade destes hospitais em honrar compromissos, pode levar todo o sistema a um caos.
A reportagem entrou em contato com as 4 unidades, mas apenas o HGU respondeu. Por meio da assessoria, afirmou que tem dinheiro a receber para o custeio das UTIs e que os atrasos são uma rotina, o que prejudica a relação com fornecedores e prestadores de serviço.
OUTRO LADO – A SES afirma que pagará nesta quinta-feira (24) a parcela relativa a agosto e nos próximos dias quitará o mês de setembro.