Quatro pessoas morreram de meningite no Estado nos três primeiros meses deste ano. Os casos foram registrados em Cuiabá, Sorriso e Nova Mutum. Até o final deste mês já foram confirmados 12 casos em Mato Grosso. A doença meningocócica, uma das formas mais graves de meningite, causou a morte de um adolescente de 15 anos nesse mês em Cuiabá. Ela pode ser prevenida através da vacinação gratuita nas unidades de saúde.
Segundo o infectologista Ivens Scaff ainda não há uma epidemia no Estado. O médico explica que não há motivo para pânico e só é possível classificar como epidemia quando as vítimas tiveram contato direta ou indiretamente, o que mostra que o vírus se encontra em determinada região.
Nos casos de meningite, que pode ser viral ou bacteriana, um fator comum é a pouca idade dos doentes. O pediatra e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Arlan de Azevedo Ferreira, explica que as crianças e adolescentes são mais vulneráveis por não terem o sistema imunológico totalmente formado.
Os adultos têm, muitas vezes, anticorpos por terem tido contato com a doença, porém, as meningites bacterianas, que são mais graves, podem atingir até mesmo os adultos. As meningites são classificadas como bacterianas e virais, que respondem por mais de 80% dos casos.
A viral é mais leve e não é facilmente transmitida ou mesmo quando é passada pode não evoluir. Segundo o pediatra, muitos pacientes com a doença nem chegam a ser diagnosticados por um médico porque os sintomas passam em alguns dias, sem que seja realizado o exame laboratorial.
Nos dois tipos os sintomas mais comuns são febre alta, vômito em jato (quando o vômito jorra longe) e rigidez de nuca, isto é, quando o doente não consegue flexionar o pescoço. Na bacteriana o estado de saúde piora rápido e inclui pintas roxas pelo corpo. Para o diagnóstico é necessário que seja retirado um líquido da medula espinhal para ser analisado em laboratório.
Quando há confirmação de meningite pneumocócica ou doença meningocócica, que são as formas mais graves, a pessoa pode morrer em até 24 horas, mesmo com os cuidados médicos. Por isso, as pessoas que têm contato direto com o doente passam por um tratamento de bloqueio para evitar que a doença se espalhe e vire uma epidemia. Colegas de classe e a família, por exemplo, tomam medicamentos para evitar o desenvolvimento da doença no organismo e a sua consequente propagação.
Para o pediatra não há uma explicação para esses casos esporádicos que surgem todos os anos, mas que não fazem parte de uma epidemia. Há estudos que afirmam que uma pessoa pode ter a bactéria no organismo, porém, ela só se manifesta quando há uma baixa na imunidade.
Além da vacina não há outro tipo de prevenção. Mesmo estando no calendário de vacinação nos primeiros anos de vida da criança e disponível para grupos de risco ainda é comum pessoas não imunizadas. Depois da evolução da meningite o que pode ser feito é o tratamento preventivo de bloqueio com as pessoas próximas ao doente. A recomendação dos médicos é observar a evolução dos sintomas e levar o doente o mais rápido possível para atendimento em uma unidade de saúde.