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Mato Grosso: 81,4% dependem do SUS

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Dos 3,2 milhões de habitantes em Mato Grosso, 2,6 milhões dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamentos médicos. O montante representa 84,1%, enquanto na Capital o percentual cai para 62,1%. Conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a média nacional de pacientes que têm plano de saúde é de 25,9%. Ou seja, 74,1% dos brasileiros dependem do SUS.

Dados da entidade demonstram que em todo Estado 505 mil pessoas contam com plano de saúde e recorrem ao serviço médico custeado pela cobertura. Destes, quase 216 mil vivem em Cuiabá. O restante da população fica sob a responsabilidade da saúde pública, que enfrenta problemas de falta de médicos, medicamentos, estrutura física, entre outros.

O SUS foi criado há 26 anos, juntamente com a Constituição Federal de 1988, com a proposta de oferecer saúde gratuita e de qualidade a todo cidadão. Pela lei, os brasileiros têm direito à saúde integral sem custos. Porém, essa não é a realidade do país. Na avaliação da presidente do Sindicato do Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Elza Queiróz, o programa de saúde pública não funcionou em decorrência da implantação de uma política neo-liberal, que passou a atribuir ao governo o mínimo de interferência.

“Com isso, a saúde pública deixou de ser prioridade do Estado e passou a existir um investimento de dinheiro público nas instituições privadas. Dez anos mais tarde, surgiram as OSS e Oscips, que recebem dinheiro do governo para gerir o bem público”. Para Elza, o papel do SUS, como foi criado e deveria ser desenvolvido é excelente, porém ao longo dos anos o modelo foi tão desrespeitado, quanto todos os outros direitos do cidadão.

Como reflexo, a população passou a contar com uma saúde precarizada, esperar em longas filas por atendimento e muitas vezes não conseguir. Este é o caso da vendedora Andressa Amorim, 21, que em 4 dias recorreu 3 vezes à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Morada do Ouro, em Cuiabá, e voltou para casa sem consultar. Conta que está com gripe, mal estar, tosse, dor no corpo e cabeça, febre, falta de ar e dor de garganta, mas foi informada que somente os casos de urgência e emergência estão sendo atendidos.
“Ou não tem médico, ou não tem enfermeiro. Sempre falta alguma coisa quando procuramos a saúde pública”.

A diarista Lucenir Ferreira de Oliveira, 29, também enfrenta problemas com atendimento, geralmente quando os filhos de 11 e 6 anos ficam doentes. Relata que recentemente a filha teve catapora e ao chegar ao Posto de Saúde foi informada que não poderia ser recebida porque havia mudado de bairro. “Tive que pedir, conversar até convencer a atenderem”. Conta que planeja adquirir um plano de saúde assim que tiver um emprego com carteira de trabalho assinada. “Ainda não fiz porque não posso pagar. Acho que as pessoas que têm plano de saúde ou pagam particular são bem atendidas. Vejo como uma injustiça a pessoa chegar ruim ao Posto ou à Policlínica e não conseguir ver o médico”.

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