Apesar de a Prefeitura de Cuiabá alegar que não existe falta de médicos no box de emergência da UPA Morada do Ouro, o problema continua e, hoje, um médico da unidade registrou o segundo boletim de ocorrência no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do Planalto relatando a falta de profissionais para atender na sala vermelha e também a sobrecarga de trabalho para os profissionais contratados pela prefeitura que precisam atender a demanda, mesmo sem receberem a mais para isso. Os serviços no setor de emergência são terceirizados, mas a empresa Guarujá Centro de Atendimento, Diagnóstico, Terapia e Assistência Médica de Trabalho não estava pagando os médicos o que resultou em seis pedidos de demissão.
O primeiro boletim de ocorrência foi registrado no domingo (6) por seis médicos contratados pela prefeitura e desde então nada mudou. Com base na planilha de plantonistas desta semana, a falta de profissional terceirizado para atender na emergência continua sem previsão de ser solucionada. Na planilha, faltam médicos para atender nesta terça-feira, na quinta-feira (10), no sábado (12) e no domingo (13).
O responsável pela empresa, o médico Douglas Gonsales, confirmou que os pagamentos estavam atrasados há três meses e que por isso seis profissionais pediram demissão. Contudo, ele afirmou que o problema foi ocasionado porque a Secretaria Municipal de Saúde não fez os repasses à empresa antes, atrasando durante três meses. Ele garante que a Prefeitura de Cuiabá quitou há três dias os repasses atrasados e assim, ele conseguirá contratar outros médicos para substituir os demissionários.
A UPA Morada do Ouro dispõe de seis médicos contratados pela prefeitura sendo quatro clínicos e dois pediatras para atenderem a demanda em outros setores, pois a sala vermelha que atende as emergências está desde julho de 2013 sob responsabilidade da empresa terceirizada que foi contratada por meio de contrato emergencial, ou seja, sem licitação. Cuiabá é a única cidade do país que terceiriza esse tipo de serviço. Com a demissão dos terceirizados, os profissionais contratados acabam sobrecarregados, pois são obrigados a atender na sala vermelha sem receber a mais por isso.
Procurado, o secretário-adjunto de Comunicação, Orlando Morais, disse que a responsabilidade pela falta de médicos é da empresa. Relatou que o secretário municipal de Saúde, Werley Silva Peres, “está fiscalizando pessoalmente o horário dos médicos da UPA e se ele detectar qualquer irregularidade irá notificar a empresa”. Ainda de acordo com Orlando, se o secretário concluir que a empresa não tem condições de fornecer médicos o contrato poderá ser rompido.
O representante da empresa, Douglas Gonsales, reconheceu que os três meses de atraso motivaram a demissão de seis dos dez médicos que ele mantinha trabalhando na UPA. Disse que recebe do município mensalmente a quantia entre R$ 60 mil e R$ 70 mil pelo contrato assinado no ano passado. Afirmou ainda que a prefeitura não estava repassando os valores em dia. “Sempre mantivemos o atendimento sem problema em 2013, mas no começo deste ano houve problema de repasse pelo município. Isso dificulta mantermos os médicos. Se a prefeitura não me paga em dia, não consigo manter os salários dos médicos. Enfrentamos uma fase bem crítica, foram 92 dias atrasados”, disse ele.